Querem colocar o País em campanha eleitoral para as presidenciais e para umas hipotéticas legislativas antecipadas. Sentem a necessidade e a urgência de afastar o debate político das opções concretas que estão a ser executados conjuntamente por PS, PSD e CDS.
É certo que é assim há 34 anos. Mas não se trata mais de reconstruir o capitalismo monopolista de Estado, trata-se agora de lidar com as consequências do processo num quadro de brutal crise do sistema capitalista, e quando a tarefa que lhes encomendaram é passar à acelerada espoliação das massas, mesmo que à custa da hipoteca da soberania nacional, do arrasar da economia e da pauperização das massas. Convenhamos que é tarefa árdua concretizá-lo, contendo a indignação popular e ainda mantendo o apoio eleitoral suficiente. Para mais, num país como Portugal, onde ao lado das massas e na vanguarda da luta está um partido como o PCP.
É certo que os meios de que dispõem são esmagadores. Que, nas empresas, os instrumentos que acumularam nos últimos anos, como o Código do Trabalho, são usados para criar medo e desmobilização num proletariado que depende da possibilidade de vender a sua força de trabalho para sobreviver. Que um exército de «jornalistas», «comentadores», «analistas» e «professores» travam a guerra ideológica pela inevitabilidade das políticas anti-populares. Mas a realidade brutal das consequências dessas políticas rasga rombos permanentes nesta construção.
O precoce lançamento da campanha procura afastar a atenção do concreto, descentrar as massas da resistência a estas políticas para o marco eleitoral, e reduzir esse marco eleitoral à opção entre dois pólos alimentados numa retórica sem conexão com o real, criando num mesmo lado da luta de classes duas opções artificialmente opostas, Cavaco e Alegre, PSD e PS. Procura impor a alternância no que tende para a construção da alternativa, impor a cosmética mudança no que tende para uma ruptura.
Os próximos meses serão de intensas e duras batalhas – incluindo eleitorais. Mas a luta é a mesma. E em todas o que é decisivo é resistir e alargar a resistência, afirmar a alternativa patriótica e de esquerda, construir a ruptura.
http://www.avante.pt/pt/1912/opiniao/109748/
Sem comentários:
Enviar um comentário