Líderes sindicais dizem que o Executivo está a preparar a apresentação de medidas prejudiciais para a função pública.
Os responsáveis dos principais sindicatos da função pública mostraram-se ontem surpreendidos pelo valor dos aumentos salariais avançado pela ministra do Trabalho e acusam o Governo de estar a preparar caminho para a apresentação de propostas "prejudiciais" para os funcionários do Estado. Helena André veio afirmar ontem que na entrevista ao DN em que falou em aumentos iguais aos da inflação (1,4%) foi "mal entendida", tudo não passou de "um equívoco" e "nada está decidido.
"É certo que a ministra não tem competência em matéria de aumentos na função pública [a ministra esclareceu ontem que tal competência é do Ministro das Finanças], mas também é verdade que participa nas reuniões do Conselho de Ministros e por isso sabia o que dizia quando avançou com os 1,4%", afirmou Ana Avoila, da Frente Comum. Para a sindicalista, o esclarecimento de ontem "está em linha com o que tem sido a actuação do Governo: anuncia e depois vem desmentir".
Já Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), mostrou-se "preocupado com o facto de já ter sido avançado um valor para os aumentos, ao que tudo indica já tido como final, sem sequer terem sido iniciadas as negociações com os sindicatos". "Encaramos as declarações da ministra, ainda por cima sem competência na pasta, como o lançamento de um balão de ensaio por parte do Governo, para perceber qual a reacção dos parceiros sociais a este valor", sublinhou ao DN, frisando que "esta situação não abona a favor de uma negociação razoável".
Visão semelhante foi manifestada por Nobre dos Santos, da Fesap, que considerou que as declarações de Helena André sobre os aumentos da função pública foram "precipitadas e estapafúrdias", uma vez que a ministra falou "sobre questões de uma pasta que não é a sua e sem haver negociações iniciadas".
http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1621478
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