União das Misericórdias indignada com aviso da Segurança Social.
Uma instituição do distrito de Aveiro recebeu uma carta da Segurança Social a avisar que não podia dar refeições a mais de 30 crianças. Correndo o risco de perder os apoios da Segurança Social por dar de comer a mais crianças carenciadas, adianta o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos.
Na carta, o centro distrital da Segurança Social refere que "a prestação do serviço de refeições a utentes extra acordo, configura um serviço de catering, para o qual não detém o respectivo licenciamento". Ou seja, que se o Ateliê de Tempos Livres (ATL) servir mais do que as 30 refeições fixadas no acordo, pode perder os apoios pois está a fazer um serviço para o qual não está autorizada.
Manuel de Lemos revela que na instituição em causa já houve dias em que tiveram de servir mais de 30 almoços às crianças. "As pessoas esquecem-se que os utentes da instituição são crianças e muitas delas com fome. E depois deste ofício não vamos poder dar mais de 30 refeições", refere.
O número de refeições pagas é estipulado no contrato anual que as Misericórdias estabelecem com a Segurança Social. Como o ATL em causa tem 30 crianças inscritas é esse o limite de apoios dados. No entanto, o presidente da UMP garante que "já têm aparecido mais quatro ou cinco crianças".
Revoltado com este ofício, Manuel de Lemos não poupa críticas: "Este aviso é um sinal da cegueira e da irresponsabilidade social próprio de a quem a crise ainda não bateu à porta". E acrescenta que esta situação mostra que se "estão a ser ultrapassados os limites do bom senso".
O representante das misericórdias adianta que percebia a situação se estivesse em causa o dobro das refeições, uma vez que poderia ser questionada a capacidade da cozinha de fazer todas as refeições. No entanto, garante que os termos usados no ofício nunca deveriam ser aqueles. "Referem que ao ultrapassar os almoços acordados estamos a fazer um serviço de catering, como se estivéssemos a vender as refeições", aponta Manuel de Lemos.
No mesmo ofício, a Segurança Social avisa a instituição que os almoços durante o tempo de aulas vão passar a ser servidos nas escolas e pagos pelas autarquias. Mas que durante as férias escolares serão os ATL a servir os almoços, "sem receber o valor das refeições", refere Manuel de Lemos.
Ainda assim, Manuel de Lemos sublinha que este não é o problema maior. "O que nos interessa é alimentar as crianças que não têm outras refeições", diz.
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1620784&seccao=Centro
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