Portugal foi o país da União Europeia que mais desinvestiu no resto do mundo durante o ano passado. Em 2009, os portugueses desfizeram-se de investimentos no valor de 700 milhões de euros, a maior parte deles colocados em centros financeiros offshore, segundo dados do Eurostat ontem divulgados.
A dimensão do desinvestimento português no estrangeiro teve apenas paralelo, em menor amplitude, aos números da Letónia e da Estónia. Os dois países do Báltico retiraram, cada um, 100 milhões de euros de investimento colocado fora do espaço comunitário europeu.
De acordo com dados ontem divulgados pelo Eurostat, Portugal figura também entre os países da União Europeia que menos investimentos receberam no ano passado, por parte de entidades sediadas fora da Europa comunitária. Ao todo, segundo os números do Eurostat, Portugal recebeu 700 milhões de euros, maioritariamente provenientes do Brasil e de sociedades offshore. Este valor faz que Portugal surja na metade inferior da tabela europeia de atracção de investimento extracomunitário, ao situar-se no nono lugar, atrás da Irlanda (900 milhões de euros) e da República Checa (800 milhões de euros), mas à frente, por exemplo, da Grécia (300 milhões de euros).
Em termos globais, o Luxemburgo continua a deter o primeiro lugar como destino (87,7 mil milhões de euros) e origem (111,8 mil milhões de euros) de investimento directo em territórios exteriores à União Europeia, o que se explica pelo seu papel de intermediação de operações financeiras. Já os Estados Unidos persistem, por seu turno, como o principal destino e origem dos fluxos de investimento no conjunto dos países da UE. No entanto, ao passo que o investimento norte-americano aumentou, de 50 mil milhões de euros para 97 mil milhões de euros, de 2008 para 2009, no sentido inverso o sinal foi o contrário: os investimentos europeus nos EUA caíram de 121 mil milhões para 89 mil milhões de euros.
Em ano de recessão e de promessa de guerra aos paraísos fiscais, os dados do Eurostat permitem ainda concluir que foram os offshore que consolidaram fortemente a sua segunda posição, quer como destino (60,3 mil milhões de euros) quer como origem (39,8 mil milhões) de investimento na UE.
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