A crise económica e as dificuldades de acesso ao crédito para expandir o negócio são as principais dificuldades com que se debatem as cooperativas de economia solidária nos Açores, que se "vão aguentando" apesar das quebras nas vendas.
"A crise veio baixar o volume de vendas e reduzir as perspectivas de crescimento, mas vamos aguentando para manter o nível de emprego", afirmou António Leite, presidente da Cooperativa Kairós, que possui uma unidade de produção onde trabalham cerca de 25 pessoas em risco de exclusão social.
Em S. Miguel, Açores, estavam referenciadas no final do ano passado 26 instituições que desenvolvem actividades de economia solidária, empregando cerca de duas centenas de pessoas, na maioria mulheres.
A pequena unidade de produção da Kairós, em Ponta Delgada, fabrica biscoitos, bolachas de canela, bolos e salgados, entre outros produtos, mas, segundo António Leite, depois da quebra de cinco por cento nas vendas em 2009, este ano "a perspetiva é para continuar a baixar".
Os produtos produzidos pela Kairós são vendidos no mercado local, em restaurantes e grandes superfícies de S. Miguel, mas também se destinam a encomendas de particulares, tendo a cooperativa abandonado a comercialização em Angra do Heroísmo e na Horta devido a dificuldades financeiras.
"Além das dificuldades provocadas pela crise, o acesso ao crédito é muito complicado", frisou António Leite, salientando que sem esse financiamento não é possível "cobrir prejuízos e expandir o negócio".
A quebra nas vendas provocada pela actual situação económica foi também confirmada por Célia Pereira, da Cooperativa Cresaçor, que representa nos Açores a Rede de Economia Solidária.
"Numa época de crise há bens que as pessoas cortam primeiro. Naturalmente que sofremos com esta crise como qualquer outra empresa", frisou, defendendo "novas estratégias" que permitam enfrentar a situação.
A Cresaçor dispõe de uma rede de lojas de economia solidária em S. Miguel e, apesar das dificuldades, tem apostado na "diversidade de produtos", com "custo de produção e venda menor".
Na costa norte de S. Miguel, o Centro de Economia Solidária EcoSol, da Misericórdia da Ribeira Grande, emprega cinco pessoas na produção de biscoitos e bolos, sentindo também a contracção do mercado.
Ricardo Teixeira confirmou "um decréscimo nas vendas" dos produtos que produz a instituição, comercializados em várias superfícies comerciais.
Para este responsável, a culpa é da crise, mas também da "forte concorrência" a que estão sujeitos os produtos da economia solidária.
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