As reduções orçamentais na protecção social têm impacto na taxa de mortalidade, alertam hoje investigadores, numa altura em que a Europa debate políticas de austeridade e restrições das despesas públicas.
Uma redução orçamental de cem dólares (cerca de 80 euros) por pessoa na proteção social aumentaria quase 2,8 por cento a mortalidade ligada ao álcool e 1,2 por cento a mortalidade com causas cardíacas, de acordo com os cálculos dos investigadores.
Cada centena de dólares suplementar investido per capita na proteção social está associada a uma redução de 1,19 por cento da mortalidade de todas as causas, concluíram ainda os investigadores.
Os níveis das despesas sociais na Europa estão “fortemente associados” aos riscos de morte, em particular ataques cardíacos e doenças relacionadas com o álcool, concluiu a análise publicada pelo British Medical Journal, assinada por David Stuckler (Oxford), Martin McKee (Londres) e Sanjay Basu (Sã Francisco).
Este estudo tem em conta as despesas de 15 países europeus entre 1980 e 2005, antes do alargamento da União à Europa de Leste, tendo por base dados da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A protecção social engloba áreas como a saúde, as ajudas à família e a deficientes e o desemprego, entre outras.
Por outro lado, os cortes orçamentais noutros sectores que não o social - como o militar - não têm um impacto tão visível na saúde pública.
Nesse sentido, os autores sublinham que uma criança que receba uma educação melhor, que possa brincar num ambiente seguro e que tenha boas condições de habitação tem mais hipóteses de crescer saudável do que outra que não disponha das mesmas condições.
Da mesma forma, prosseguem os investigadores, os adultos com emprego não precário e sem perigo para a saúde e que ganhem mais do que o necessário para a sua sobrevivência terão menor propensão para adotar um modo de vida de risco (fumar ou beber em excesso, por exemplo) e terão uma maior esperança média de vida.
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