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07/02/2010

Centros de emprego já têm 147 mil despedidos

Ao longo dos dois últimos anos, surgiram nos centros de emprego 264 704 despedidos (incluindo mútuo acordo). De 2008 para 2009, há registo de mais 29 380 casos. Para 147 042 trabalhadores, o ano passado ficará marcado como a data do seu despedimento.

Quando um desempregado se dirige a um centro de emprego, o IEFP encaixa-o sempre numa das nove categorias de motivos que explicam a sua situação. O JN foi à procura de dois desses motivos: "despedimento" e "despedimento por mútuo acordo". Em nenhuma daquelas categorias está incluído o fim dos contratos a prazo, que se encontra identificado à parte.

As duas situações apresentam pesos muito distintos: o número de "despedidos" chegou no ano passado aos 126 924, enquanto que os despedimentos por mútuo acordo se ficaram pelos 20 118 (total de 147 042). No entanto, há que analisar com precaução o mútuo acordo, uma vez que nem sempre se tratam de casos de entendimento pacífico entre empregado e empregador.

"Pode haver interesse mútuo na cessação do vínculo, por razões de idade, criação de pequenos negócios e pedido de reforma antecipada. No entanto, também pode ser o resultado de pressão psicológica continuada das entidades patronais ou processos massivos de rescisões voluntárias enquadrados em programas de reestruturação", explica Luís Bento, especialista em recursos humanos e consultor do Banco Mundial e do Instituto Nacional de Administração.

Comparando as duas principais regiões do país, conclui-se que o Norte tem um peso de 47% (69 054) nos despedimentos verificados em todo o território do continente no ano passado, enquanto que Lisboa e Vale do Tejo (LVT) representou 31,2% dessa realidade (45 809). Ou seja, há um fosso de 15,8 pontos percentuais desfavorável ao Norte. Nos dois últimos anos, o Norte perdeu 123 469 postos de trabalho por via do despedimento ("normal" e por mútuo acordo), enquanto que LVT viu 83 305 dos seus efectivos ficarem sem emprego.

"O sector dos serviços - típico da região de LVT - que era um sector que estava a absorver desemprego gerado na indústria (o mesmo para o Grande Porto) deixou de absorver e passou ele próprio, em função da recessão que atravessam todos os sectores da economia, a alimentar as estatísticas de desemprego", alerta Luís Bento.

Uma das explicações reside no aumento de 50% no número de falências , tendo 2009 fechado com mais 410 empresas declaradas insolventes em tribunal do que em 2008. No total, desapareceram 1251 empresas, de acordo com os dados da Coface Mope. "O desemprego gerado por força de despedimentos - liquidação das empresas e/ou cessação da actividade, falências, extinção por deslocalização - que atinge, no global das duas regiões consideradas, cerca de 25% do total do desemprego verificado, demonstra que, afinal, o maior contribuinte líquido para o volume de desemprego não é o despedimento ou a cessação por mútuo acordo, mas sim o chamado desemprego involuntário", afirma o especialista Luís Bento, após analisar os dados recolhidos pelo JN com base nas estatísticas mensais.

A evolução parece imparável: o despedimento, com ou sem acordo, tem crescido desde 2007.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1488575

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