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11/02/2010

Bancos lucraram quatro milhões de euros por dia

CATARINA CRAVEIRO

Em tempo de crise para o sector financeiro mundial, os quatro maiores bancos privados a operar no mercado nacional lucraram 1,4 mil milhões de euros em 2009, mais 14% que em 2008. Um montante que serviria para financiar a construção de dez barragens.

Numa altura em que o país atravessa uma situação económico-financeira pouco favorável, marcada, sobretudo, pelo aumento do desemprego e por um crescimento anémico da economia, o sector bancário continua a atingir lucros acima das estimativas do mercado. Nos dois anos de crise mundial, os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal acumularam lucros de 2,7 mil milhões de euros. Em 2008, o resultado líquido do BES, BCP, BPI e Santander tinha sido de 1,3 mil milhões; no ano passado subiu para 1,4 mil milhões, mais 14%. Contas feitas, o lucro dos quatro bancos equivale ao custo previsto no programa do Governo para a construção de dez barragens.

Todos registaram subidas nos resultados, mas a forma de o conseguir foi diferente. Contenção de custos, impacto da actividade no estrangeiro, subida da margem financeira e das comissões e a venda de activos foram alguns dos factores que influenciaram os lucros da banca em 2009. O Santander Totta foi a instituição financeira a apresentar a menor subida nos lucros, mas apesar disso, registou o maior resultado (523,3 milhões, graças ao aumento de 5,9% da margem financeira), ainda que "taco a taco" com o BES, que lucrou 522,1 milhões de euros. A instituição liderada por Ricardo Salgado viu os seus lucros aumentarem 29,8%, impulsionados pela mais-valia da venda de 24% do BES Angola e pelo reforço adicional de provisões para crédito devido à recessão económica. O desempenho do grupo foi, ainda, fortemente influenciado pela área internacional, que cresceu 25%. Segue-se o BCP, que apresentou ontem lucros de 225,2 milhões de euros, a beneficiar da redução dos custos operacionais, que caíram em 7,8%. O resultado inclui, ainda, o registo da valia contabilística no Millennium em Angola de 21,2 milhões e os ganhos obtidos na alienação de activos de 57,2 milhões de euros. Os resultados consolidados no mercado português cresceram 83,2%, enquanto os resultados das operações internacionais caíram 86,5%.

O BPI foi o banco que registou o resultado mais baixo: 175 milhões de euros. A contribuir para a subida de 16,5% estiveram, sobretudo, as comissões cobradas pela operação comercial e a contenção de custos, principalmente na actividade doméstica.

Para ficar concluída a "época" de apresentação das contas anuais falta a Caixa Geral de Depósito, o que deverá ocorrer ainda este mês. Os resultados são uma incógnita, mas Faria de Oliveira já garantiu que as injecções de liquidez no BPN, que ascendem a 4,2 mil milhões, não terão impacto nas contas do banco público.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1491706

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