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19/01/2010

Falta de alfabetização impede geração de escapar à pobreza

Há no Mundo 72 milhões de crianças sem escola e 759 milhões de adultos analfabetos. Os objectivos "Escola para Todos" em 2015 estão comprometidos, avisa a UNESCO. Portugal projecta para esse ano ter apenas dois mil jovens iletrados. Adultos serão mais de 200 mil.

As projecções sobre Portugal constantes no relatório da UNESCO, ontem divulgado, implicam que até 2015, entre a população com mais de 15 anos, 98% esteja escolarizada. Também para o meio da década, a previsão é de que acima daquela idade haja no país 268 mil analfabetos. Um avanço conjugado entre escolarização e desaparecimento de gerações mais velhas (entre 1985 e 1994 havia quase um milhão de portugueses analfabetos).

A evolução expectável para 2015 referida no relatório assume maior expressão na faixa entre os 15 e os 24 anos: ela terá uma literacia próxima dos 100%, havendo apenas um número residual de dois mil jovens sem escolaridade.

Segundo as estatísticas mais recentes do Ministério da Educação, divulgadas em Dezembro e até ao ano lectivo 2007-08, a população escolarizada entre os seis e os 15 anos era de 100%. Faltou ainda crescer nas coberturas do pré-escolar e do secundário.

A nível mundial, os dados da UNESCO relativos a 2007-08 revelam retrocesso no caminho para o objectivo traçado já há dez anos. Só se reduziu em 33 milhões o número de analfabetos. O relatório intercalar ontem divulgado, com o lema "Chegar aos Marginalizados", afirma que nem metade dos objectivos foram cumoridos chegou numa década. Assim, em 2015, ainda haverá 56 milhões fora da escola.

A crise financeira nos países desenvolvidos está a ter forte impacto nos mais pobres. Os meios necessários a que eles crescessem em esforço educativo correspondem a apenas 2% do que foi utilizado para salvar os bancos que entraram em colapso no Reino Unido e EUA. Por outro lado, acusa a UNESCO, desde 2004 que os ricos vão estagnando e reduzindo as ajudas aos países pobres. O organismo das Nações Unidas vocacionado para a Educação e Cultura, acusa mesmo os desenvolvidos de mascararem as ajudas, reprogramando-as por vezes em empréstimos.

Segundo a UNESCO, a situação pode criar uma "geração perdida" por falta de escolarização, o que se traduzirá em menores hipóteses de escapar à pobreza e de os países se desenvolverem. Há excepções: o relatório cita os casos do Brasil e de Moçambique que, de alguma forma, estão a acelerar na recuperação de atrasos. A América Latina e os EUA são também referidos por usarem a formação técnico-profissional para alargar oportunidades a jovens marginalizados do sistema escolar. No caso português, face a uma década atrás, os dados do Ministério da Educação indicam que a frequência dos cursos profissionais e tecnológicos cresceu 32%. A UNESCO, sobre os seus desígnios mundiais, lembra que "ter menos do que quatro anos de educação, o mínimo exigível para a literacia básica, é sinal de situação desvantajosa extrema".

http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1473892&dossier=Ano%20europeu%20de%20combate%20%E0%20pobreza

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