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09/11/2009

Em S. João da Madeira: Trabalhadores da Califa ocupam balcão do Finibanco à procura de explicações sobre salários em atraso

Os trabalhadores da fábrica de camisas Califa estão hoje concentrados na filial do Finibanco de S. João da Madeira, para apurar se essa instituição bancária é responsável pelo atraso no pagamento dos seus salários.

A empresa que detém as marcas Califa, Fórmula 1 e Victor Emmanuel entrou em processo de viabilização em Abril de 2008 e, desde meados deste ano, vem pagando com sucessivos atrasos os salários dos seus cerca de 200 funcionários, que reclamam agora os ordenados de Setembro e Outubro.

Leonilde Capela, do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil do Distrito de Aveiro, explica que a concentração no Finibanco, que é o maior credor da Califa, se deve a declarações do administrador da camisaria, José Teixeira da Silva: “O patrão diz que é o banco que não o deixa pagar os salários, portanto não saímos daqui enquanto não nos confirmarem se isso é verdade e nos explicarem o que é que se passa”.

“O senhor José [Teixeira da Silva] sempre disse que a empresa está em dificuldades, mas agora defende que é o banco que não liberta o dinheiro para pagar os salários”, declara a dirigente sindical. “Nós não acreditamos nele porque já nos enganou muitas vezes em coisas que prometeu e não cumpriu, e estamos à espera que alguém do banco nos esclareça”.

Leonilde Capela acrescenta: “Se a empresa tem trabalho, está a laborar e as encomendas saem para fora, tem que haver dinheiro a entrar. O problema é que ele deve andar aí nuns cambalachos e a ser aplicado em coisas muito feias, em que o senhor José diz que o banco está envolvido”.

Para a dirigente sindical, em toda a situação “tão responsável é o patrão como o banco, que, sendo o maior credor da Califa e sabendo o que o senhor José foi no passado, não o devia ter deixado à frente da empresa”.

Leonilde Capela adianta que a concentração no Finibanco de S. João da Madeira se vai prolongar enquanto a situação não for esclarecida, devendo, aliás, alargar-se à filial de Fajões, concelho de Oliveira de Azeméis, onde estará sedeada a conta da Califa.

“Estas pessoas não foram trabalhar hoje para estar aqui à espera que alguém lhes explique o que se passa”, continua a sindicalista, “e vão continuar a não trabalhar amanhã e depois -- e enquanto for preciso -- até que o problema seja resolvido”.

Contactada pela Lusa, a direcção da entidade bancária envolvida neste caso declarou: “O Finibanco não faz comentários sobre a situação económica e financeira dos seus clientes e as relações com os mesmos”.

A administração da Califa também não esteve disponível para esclarecimentos.
Público.pt - 09.11.09

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