Desemprego aumenta para os 550 mil, ou seja, haverá mais 47 mil pessoas afectadas em relação aos últimos dados do desemprego. A economia cresce 0,4% em 2009 e só em 2012 regista uma expansão acima de 1%. O défice orçamental será de 6,9% do PIB este ano e sofre novo agravamento em 2010
Portugal terá 550 mil desempregados em 2010, mais 43 mil do que os registados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em meados de Agosto último, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A economia nacional contrai 3% este ano, regista uma expansão de 0,4% em 2010, mas só em 2012 deverá expandir acima de 1%.
O despertar da actividade é insuficiente para estancar a degradação no emprego. É que no próximo ano o FMI - que, diga-se em boa verdade, é tradicionalmente pessimista - prevê a destruição de mais 92 mil postos de trabalho. A população activa será uns exactos cinco milhões de trabalhadores, quando em 2007 se aproximava dos 5,2 milhões. Se cerca de metade das pessoas que vão perder o emprego em 2010 terão como destino engrossar as fileiras dos desempregados, a outra metade - 45 mil pessoas - será composta por novos reformados ou por nova emigração.
Ou seja, se as expectativas mais pessimistas da OCDE não forem cumpridas - prevê a existência de 650 mil desempregados no final de 2010 - a verdade é que a taxa de desemprego ultrapassará os dois dígitos, estacionando nos 11%. Em três anos, desde 2007, Portugal perde 170 mil postos de trabalho.
A surpresa dos números da instituição presidida por Dominique Straus-Kanh não se fica pelo trabalho. Apesar do previsto crescimento ténue - que está em linha com as últimas declarações de Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal -, as contas públicas entram numa nova trajectória de degradação, pelo menos no curto prazo.
No corrente ano, o défice orçamental, segundo o FMI, será de 6,9% da produção final do País (PIB). Por outras palavras, as despesas - em salários, educação, saúde, investimentos) - vão ultrapassar as receitas (essencialmente compostas por impostos) em mais de 11 mil milhões de euros. Bem longe do previsto por Teixeira dos Santos (5,9% do PIB) e representando montantes que seriam suficientes para pagar o novo aeroporto de Alcochete e ainda parte da ferrovia ligada ao TGV.
No próximo ano, diz o FMI, o défice orçamental sobe para os 7,35% do PIB, apesar de a economia registar uma ligeira expansão em relação a 2008 (0,4%). Será o desequilíbrio orçamental mais elevado das últimas décadas, apesar de Portugal ser, ainda este ano, sujeito a um "procedimento por défice excessivo" aberto pela Comissão Europeia, por o défice orçamental ultrapassar os 3% do PIB. Os sucessivos défices deverão pressionar em alta a Dívida Pública, neste momento em 75% do PIB, de acordo com os dados oficiais.
Portugal cresce acima de 1% apenas em 2012, segundo as projecções do FMI. Nesse ano, a expansão da economia será de 1,3%, depois de em 2011 crescer 0,9%, o que, ainda assim, deverá ser insuficiente para a economia gerar novos empregos.
A retoma da economia - tal como a generalidade dos economistas antevêem - será lenta e deverá sustentar-se no motor externo, ou seja, nas exportações. O Fundo prevê uma trajectória descendente do défice externo até 2014, quando atingir os 8,8% do PIB.
D.N. - 02.10.10
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