“A administração reuniu-se com os trabalhadores e comunicou que as instalações estavam à venda”, adiantou à Lusa Fernando Garcês, delegado sindical na fábrica e dirigente do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra.
“Se as venderem, é tudo para demolir”, acrescenta o operário, “porque isto está numa zona habitacional e aqui nunca mais pode funcionar uma fábrica”.
A administração da empresa informou também que está à procura de um pavilhão industrial para onde possa transferir-se, caso encontre comprador para a unidade que ocupa actualmente.
Fernando Garcês afirma que “a empresa quer mudar-se para um sítio perto”, mas realça que “só há transferência se aparecer um comprador para as actuais instalações”.
Instalada em S. João de Ver desde Novembro de 1984, a Ecco’let anunciou em Janeiro desde ano que iria proceder a um despedimento colectivo, rescindindo o contrato com cerca de 180 dos seus 320 funcionários.
O afastamento vem-se processando por fases, desde o passado mês de Abril, e a última etapa deverá verificar-se no final de Outubro.
Nessa altura serão despedidos cerca de 30 trabalhadores do armazém de PDC e do departamento de logística, ambos ligados à distribuição.
Em causa estão funcionários que, no caso dos contratos mais recentes, trabalham na Ecco há oito ou nove anos, e que, nas situações mais antigas, estão na empresa há 24 anos, desde a sua abertura.
De origem dinamarquesa, a Ecco’let já chegou a empregar 1700 trabalhadores. Actualmente tem ao serviço apenas 157 funcionários, o que Fernanda Moreira, dirigente do Sindicato do Calçado e ex-funcionária da casa, atribui à estratégia de deslocalização da empresa.
“O problema da Ecco nunca foi dinheiro”, garante a sindicalista.
“Lá não há salários em atraso e nunca houve problemas com pagamentos, até porque eles pagam mais do que a Lei determina”, disse.
“O problema é o da deslocalização”, declara Fernanda Moreira.
“A Ecco era uma das melhores empresas que tínhamos no país a nível de calçado e dava muita formação às pessoas ao longo do ano, mas agora fica mais barato mandar produzir noutros países, como a Tailândia, a China, a Indonésia e a Roménia”, acrescentou a fonte.
A Lusa contactou a administração da Rohde, mas esta não se pronunciou sobre a situação da empresa.
Destak.pt - 29.09.09
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