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17/05/2009

A taxa efectiva de desemprego atingiu já 11,2%

Eugénio Rosa

O INE acaba de publicar as Estatísticas do Emprego relativamente ao 1º Trimestre de 2009 . E como revela o quadro que a seguir se apresenta, construído com os dados divulgados pelo INE, registou-se um aumento significativo do desemprego em Portugal, que não é apenas aquele que as estatísticas oficiais de desemprego, divulgadas pelos media, revelaram.

QUADRO I – Desemprego oficial e desemprego efectivo em Portugal
DESIGNAÇÃO
1º TRIMESTRE
2005
2006
2007
2008
2009
1- ACTIVOS – Mil 5.507,0 5.556,6 5.605,6 5.618,0 5.594,8
2- DESEMPREGO OFICIAL – Mil 412,6 429,7 469,9 427 495,8
3- Inactivos Disponíveis – Mil 74,9 79,9 75,3 70,4 67,2
4- Subemprego visível – Mil 61,4 65,1 66,1 75,5 61,3
5- DESEMPREGO EFECTIVO – Mil = (2+3+4) 548,9 574,7 611,3 572,9 624,3
6- TAXA OFICIAL DE DESEMPREGO = (2 : 1) 7,5% 7,7% 8,4% 7,6% 8,9%
7- TAXA EFECTIVA DE DESEMPREGO = (5 : 1) 10,0% 10,3% 10,9% 10,2% 11,2%
Fonte: INE, Estatísticas do Emprego - 1º Trimestre de 2006 e 2009

O quadro anterior foi construído apenas com dados do INE, portanto são dados oficiais. Segundo o INE, a taxa desemprego oficial, ou seja, aquela que é utilizado pelo governo e divulgado habitualmente pelos media, atingiu, no 1º Trimestre de 2009, 8,9%, ou seja, mais 1,4 pontos percentuais do que a se registou no 1º Trimestre de 2005, quando o actual governo tomou posse. Em valor absoluto são mais 83,2 mil desempregados dos que existiam no 1º Trimestre de 2005.

Mas para além deste desemprego oficial ainda existiam mais desempregados, não incluídos nos números oficiais de desemprego. E esses desempregados que não constam das estatísticas oficiais, mas que constam das Estatísticas do Emprego que o INE publica todos os trimestres, são os chamados "inactivos disponíveis" (desempregados que por não terem procurado emprego na semana em que foi feito o inquérito não são considerados nos números oficiais de desemprego, embora estejam efectivamente desempregados) , assim como o chamado "Subemprego visível" (desempregados que não trabalham por não encontrarem emprego, que não recebem subsidio de desemprego, e que para sobreviver fazem pequenos "biscates"). Se somarmos os "inactivos disponíveis" e o "subemprego visível" ao número oficial de desemprego (469,9 mil no 1º Trimestre de 2009) obtém-se 624,3 mil, o que corresponde já a uma taxa efectiva de desemprego de 11,2% no 1º Trimestre de 2009, portanto superior à taxa oficial de desemprego de 8,9% divulgada pelos media.

DESTRUIÇÃO DE 76,2 MIL POSTOS DE TRABALHO NO 1º TRIMESTE DE 2009, E DE 129 MIL POSTOS DE TRABALHO DESDE O 2º TRMESTRE DE 2008

Outra realidade revelada pelos dados divulgados pelo INE é a continuação da destruição elevada de postos de trabalho que se está a verificar em Portugal, como mostra o quadro seguinte.

QUADRO II – Variação no emprego entre o 1º Trimestre de 2005 e o 1º Trimestre de 2009
TRIMESTRE / ANO
POPULAÇÃO EMPREGADA (Mil)
1º Trimestre 2005
5.094,4
1º Trimestre 2006
5.126,9
1º Trimestre 2007
5.135,7
1ºTrimestre 2008
5.191,0
2º Trimestre 2008
5.228,1
4ºTrimestre 2008
5.176,3
1ºTrimestre 2009
5.099,1
1ººTrimestre 2009 -1ºTrimestre 2005
4,7
1ºTrimestre 2009 - 2º Trimestre 2008
-129,0
1ºTrimestre 2009 - 4ºTrimestre 2008
-77,2
Fonte: Estatísticas do Emprego – INE

Se se comparar o emprego no 1º Trimestre de 2009 com o emprego no 1º Trimestre de 2005, quando este governo entrou em funções, conclui-se que actualmente já existem apenas mais 4,7 mil postos de trabalho do que em 2005, portanto muito longe dos 150.000 prometidos por Sócrates. Mas o mais grave é que se tem verificado nos últimos trimestres uma destruição maciça de postos de trabalho em Portugal. Entre o 2º Trimestre de 2008 e o 1º Trimestre de 2009, o emprego no nosso País passou de 5.228,1 mil postos de trabalho para 5.099,1 mil postos de trabalho, o que significa que neste período (3 trimestres ) foram destruídos 129 mil postos de trabalho. Mas esta destruição tem aumentado de velocidade ultimamente, pois no 1º Trimestre de 2009, ou seja, apenas num trimestre, foram destruídos 77,2 mil de postos de trabalho. É um agravamento socialmente insustentável, que prova que as medidas tomadas pelo governo são manifestamente insuficientes, pois não estão a ter efeitos. Da mesma forma que sucedeu com a crise, em que este governo por cegueira politica a negou durante muito tempo, o que acarretou graves prejuízos ao País e aos portugueses, também agora este mesmo governo recusa-se a ver e a aceitar que as medidas que tomou são manifestamente insuficientes.

MENOS DA METADE DOS DESEMPREGADOS EFECTIVOS RECEBEM SUBSIDIO DE DESEMPREGO

Como mostra o quadro seguinte, construído com dados oficiais do INE e do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, menos de metade dos desempregados efectivos estão a receber subsidio de desemprego.

QUADRO III – Desempregados a receber subsidio de desemprego no período 2005-2009
TRIMESTRE / ANO
Desemprego Oficial
Mil
Desemprego Efectivo
Mil
Beneficiários de subsidio de desemprego
Mil
TAXA COBERTURA
(% desempregados a receber subsidio)
Em relação ao desemprego oficial
Em relação ao desemprego efectivo
1ºT-2005 412,6 548,9 314,7
76,3%
57,3%
1ºT-2006 429,7 574,7 316,0
73,5%
55,0%
1ºT-2008 427,0 572,9 254,1
59,5%
44,4%
1T-2009 495,8 624,3 301,1
60,7%
48,2%
Fonte: Estatísticas do Emprego -INE e Boletim Estatístico de Março 2009 do MTSS

Com base nos dados do INE e do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social conclui-se que apesar do desemprego actual já ser superior ao desemprego quando este governo tomou posse, no entanto o número de desempregados a receber subsidio de desemprego é inferior. Efectivamente , no 1º Trimestre de 2005, se se considerar o desemprego oficial a percentagem de desempregados a receber subsidio de desemprego era de 76,3%; se se considerar o desemprego efectivo essa percentagem diminuía para 57,3%. Mas no 1º Trimestre de 2009, a percentagem de desempregados a receber subsidio de desemprego era de 60,7% se se considerar o desemprego oficial; e de apenas 48,2% se se considerar o desemprego efectivo. Estes números mostram só por si a necessidade urgente de alargar o subsídio de desemprego a mais desempregados, medida essa que este governo continua a recusar tomar, apesar da miséria aumentar no País devido à subida rápida do desemprego.

17.05.09

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