O secretário-geral da CGTP considerou "uma vergonha e um escândalo" comparar a situação da Autoeuropa com o fecho da Opel na Azambuja, recordando que a maior parte dos custos não se referem aos salários.
Falando na 5ª Conferência Sindical para a Igualdade entre Mulheres e Homens que decorre em Lisboa, Manuel Carvalho da Silva sustentou que a saída da Opel de Portugal não estava relacionado com as remunerações do trabalho já que o grupo foi instalar-se em Espanha com salários mais altos.
Na assembleia serão analisados e aprovados um estudo sobre "Mulheres Trabalhadoras em Portugal 2009: Contexto e Perspectivas", uma carta reivindicativa e uma moção com o título "Criar Emprego, Combater o desemprego, Vencer a crise com a participação das trabalhadoras em igualdade".
O sindicalista estranhou que não se fale de outros custos da produção da unidade da Autoeuropa, onde somente cerca de cinco por cento corresponde a salários dos trabalhadores.
Por outro lado, "é vergonhosa a posição do ministro da Economia [que] não tem um ponto de vista estratégico e social", salientou.
A propósito da Autoeuropa, onde Carvalho da Silva elogia o trabalho da comissão de trabalhadores, as criticas estendem-se aos empresários, tendo o secretário-geral da CGTP apontado o exemplo das declarações recentes de Belmiro de Azevedo.
O líder sindical frisou que só se fala do custo dos trabalhadores e nunca se refere o resto, ou seja, os custos com banca, telecomunicações ou energia.
"Não interessa reduzir custos em áreas como as telecomunicações ou energia porque eles [os empresários] também são accionistas destes sectores e ganham com isso", afirmou.
Por isso, "há que sacrificar os trabalhadores", conclui, acrescentando que "é difícil, mas é uma questão de persistência" da parte dos empregados, nomeadamente através dos sindicatos.
Entre os vários assuntos abordados, o secretário-geral da CGTP destacou a precaridade da situação de alguns grupos mais frágeis, como os jovens, sobre quem aumentam as pressões em situação de crise de aumento de desemprego.
"Há enormes pressões sobre os trabalhadores, que são maiores ainda sobre grupos mais frágeis", disse Carvalho da Silva, apontando a juventude como um dos grupos mais explorados nos últimos anos.
Para o dirigente sindical, "não há uma sociedade com justiça se à juventude se continuar a propor o que hoje se propõe".
Entre as situações salientadas por Carvalho da Silva de dificuldade entre os jovens estão os baixos salários e a defesa da tese de que "aquilo que os pais e avós tiveram já não é possível".
Esta atitude para os jovens, numa sociedade caracterizada por avanços tecnológicos e um nível de produção elevado equivale, para Carvalho da Silva, a negar o futuro.
O secretário-geral da CGTP fez questão de recordar que "o conjunto é feito de partes e não se pode secundarizar as especificidades", apelando à persistência de todos os trabalhadores para se juntarem e lutarem contra os problemas relacionados com a actual situação.
"É possível criar milhões de empregos se o emprego deixar de ser apenas um instrumento de acumulação de riqueza para alguns, num curto espaço de tempo", disse.
J.N. - 22.05.09
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