A crise global evidenciou o fracasso do capitalismo, como sistema económico, e as actuais medidas de socorro devem ser dirigidas para a população mundial que sofre os seus efeitos.
A opinião é de Frei Betto, pseudónimo de Carlos Alberto Libânio Christo, uma das vozes mais respeitadas da esquerda brasileira, que participa esta semana no Fórum Económico Mundial da América Latina, no Rio de Janeiro.
"Se o socialismo soviético não deu certo, o capitalismo também fracassou para dois terços da humanidade", disse o religioso à agência Lusa.
"Lamento que as medidas anunciadas sejam de socorro ao sistema financeiro, não às populações sofridas, como as de África, dizimadas pela sida, pela miséria e por séculos de exploração por parte de outras nações", disse.
Frei Betto avançou que proporá, durante o Fórum, uma mudança de paradigma das discussões, a partir de uma visão defendida pelos movimentos sociais organizados da América Latina.
"Se a questão é salvar o capitalismo, partimos de um paradigma equivocado. O ponto de partida deve ser como salvar a humanidade", sublinhou.
A actual crise não é de natureza apenas económica, mas energética, cultural, ambiental e de valores, afirmou Frei Betto.
Promovido pelo Governo brasileiro, o Fórum reunirá mais de 500 líderes empresariais, autoridades do sector público, executivos de multinacionais e representantes da sociedade civil de mais de 35 países.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, abrirá o evento terça-feira, onde também estarão presentes os seus homólogos da Colômbia, Álvaro Uribe, e da República Dominicana, Leonel Fernández.
As três primeiras edições do fórum foram realizadas em Cancún (2008), Santiago (2007) e São Paulo (2006).
RTP - 14.04.09
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