O presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, Luís Garra, pediu esta quarta-feira ao Governo que lance um plano de emergência para salvar dois mil postos de trabalho que estão ameaçados no distrito de Castelo Branco.
Luís Garra falava durante uma manifestação contra salários em atraso, na Praça do Município, na Covilhã, que juntou cerca de 300 trabalhadores, maioritariamente mulheres, de empresas de confecções do distrito. Os manifestantes representam "cerca de 800 pessoas do sector têxtil no distrito" que já não se lembram de receber salários dentro do prazo, nem de os ter em dia, disse o sindicalista.
Nos casos mais graves, há mês e meio de salários em atraso e subsídios de Natal e férias de 2008 ainda por liquidar.
"Este cenário pode piorar claramente. Se olharmos para além do sector têxtil, e ainda não chegámos ao fim da linha neste sector, há dois mil postos de trabalho ameaçados, à primeira vista, no distrito de Castelo Branco", disse.
Face a esta situação, "o Governo deve dirigir para o distrito de Castelo Branco um plano de emergência para acudir a estas situações", sublinhou. Mais: "O plano não pode ser feito apenas com medidas de apoio social. São necessárias medidas de apoio à actividade económica".
O que já tem sido anunciado não funciona, lamenta. "Quando se vai ver a eficácia do que tem sido anunciado, ou são medidas que estão por regulamentar ou já foram experimentadas antes e não deram resultado".
O sindicalista deixou ainda um recado directo para o primeiro-ministro, José Sócrates. "Se o primeiro-ministro, que até foi eleito pelo distrito de Castelo Branco, não vê isto, é sinal de que está mal aconselhado, mal acompanhado ou não quer ver e é incompetente", acusou, sem rodeios.
O apelo é também estendido "ao poder autárquico e à banca". No caso específico do sector têxtil, Luís Garra refere que a generalidade dos empresários com que tem falado não querem fechar as empresas. "Não há encomendas, mas queixam-se da falta de ajuda do Governo e da banca", acrescentou.
O sindicalista perguntou mesmo onde estão "os 850 milhões que o Governo disse que havia para o sector têxtil". Luís Garra desafiou ainda o "Governo a dizer "onde estão, como é que se lá chega, e como é que as empresas podem aceder de forma controlada, de maneira a que o dinheiro entre pela porta e não saia imediatamente pela janela", concluiu.
Entre as trabalhadoras, multiplicam-se as dificuldades. "Tenho duas crianças para sustentar e passam-se meses de mãos a abanar", descreveu Anabela Vicente.
"É muito complicado querer dar de comer aos nossos filhos e não termos", acrescentou Lídia Clemente, outra trabalhadora. Contou que o marido também está com salários em atraso.
J.N. - 16.04.09
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