À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

17/04/2009

Reivindicam salários à porta da empresa

Quinze trabalhadoras da empresa têxtil Faisão, situada em Freiriz, Vila Verde, estão, desde esta quinta-feira, à porta da fábrica exigindo o pagamento de salários e subsídios em atraso. Patrão acusa empregadas de incompetentes.

"Há mais de um ano que os salários não são certos. Ele pagava 100 euros de uma vez, 200 de outra e íamos levando assim", conta uma das trabalhadoras. "O Natal foi uma miséria, porque ele esteve três meses sem pagar. A Páscoa ainda foi pior. Eu tenho dois filhos, há quem tenha empréstimos e rendas para pagar e esta situação torna tudo pior", diz uma operária.

As acusações ao patrão são muitas: "Estamos há dez dias em casa, alegadamente sem trabalho, mas isto também é uma estratégia, porque assim ele não nos paga. Nós viemos para aqui, entre as oito e as 17.20 horas, cumprir o nosso horário de trabalho porque assim ninguém nos marca falta e nos acusa de faltar ao trabalho".

As trabalhadoras rebatem as acusações do patrão da falta de competência: "Eu trabalho aqui há 12 anos como costureira, fiz tudo o que apareceu e nunca houve problema. Agora, de um momento para o outro, já não servimos", diz outra das empregadas à frente da empresa. Ontem de manhã, o administrador esteve na Faisão e disse que "só voltaria dinheiro quando elas voltassem ao trabalho".

Uma situação inconcebível até "porque trabalhou-se o mês de Março todo e não foi pago", a que se juntam ainda os subsídios de férias e de Natal que estão em atraso. "Muitas de nós recebemos 100 euros de três em três semanas: Agora, alguém que me explique quem é que sobrevive, na actual crise, com 100 euros!", acrescenta outra das funcionárias.

As trabalhadoras têm também muitas razões de queixas sobre as condições de trabalho: "As instalações da fábrica são más, as casas de banho não têm papel higiénico e não temos sítio para almoçar. Algumas usam o jardim para as suas refeições e outras a sala onde se cosem as peças".

Convencidas que trabalho não falta, "o patrão é que não quer trabalhar", as funcionárias vão continuar a ir todos os dias à fábrica até que haja uma solução para o caso delas.

Hoje, vão receber a solidariedade do sindicato têxtil, que vai ao terreno inteirar-se das condições e das reivindicações das trabalhadoras.

J.N - 17.04.09

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