Centenas de trabalhadores do sector da cortiça manifestaram-se, este sábado à noite, numa vigília para acusarem as empresas de estarem a invocar "falsamente" a crise para procederem a despedimentos. Reivindicam do Governo apoio para às PME.
Reunidos em frente à Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), em Santa Maria de Lamas, os trabalhadores fizeram ouvir o seu descontentamento contra os recentes despedimentos e aprovaram uma moção onde denunciaram o que consideram ser a "ilegitimidade e irresponsabilidade social dos grupos e empresas que invocam falsamente a crise para se descartar dos trabalhadores".
Contudo, mostraram-se preocupados com as pequenas e médias empresas (PME) do sector, considerando que estas passam por dificuldades "reais" e reclamam, por isso, apoio do Estado. Pedem apoios "atribuídos com critério, transparência, controlo e conhecimento dos trabalhadores".
Para o coordenador do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, Alírio Martins, a crise nas grandes empresas do sector corticeiro "não existe" e acusa algumas unidades de começarem a atrasar os pagamentos dos salários no final do mês "evocando falsamente a crise".
Acusou, ainda, o Grupo Amorim de retirar algumas fases da produção para empresas exteriores, que se encontram unidas em cooperativa.
Críticas reiteradas por Ilda Figueiredo, que esteve presente na vigília. "É necessário uma fiscalização mais eficaz do Governo e, se necessário, uma intervenção directa a nível de própria gestão", defendeu a eurodeputada.
"Quem é que acredita que um grupo como o Amorim está realmente a passar por uma crise", questionou. "É preciso uma fiscalização séria para que as empresas não despeçam os trabalhadores a pretexto de uma falsa crise que dizem viver".
A vigília acontece em consequência dos pedidos de insolvência da Suberus, aquela que era até então a segunda maior empresa do sector e, mais recentemente, o anúncio do despedimento colectivo de 195 trabalhadores por parte da Corticeira Amorim.
Jornal de Notícias - SALOMÃO RODRIGUES - 08.02.09
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