À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

13/02/2009

Indústria automóvel perdeu em 3 dias 41 mil empregos

A crise instalou-se no sector e está para ficar. Despedimentos em massa, venda de marcas, paragens na produção e redução de 'stocks' são as medidas de emergência para travar a maior crise de que há memória. As filiais em Portugal desconhecem se vão ser afectadas

Indústria automóvel perdeu em 3 dias 41 mil empregos
Em apenas três dias, 41 mil trabalhadores perderam os seus postos de trabalho. A hecatombe começou com o anúncio da Nissan, na segunda-feira, de que iria despedir 20 mil pessoas em todo o mundo. No dia seguinte foi a vez de a General Motors avançar com a redução de dez mil postos de trabalho. A francesa PSA (Peugeot-Citroën) não ficou atrás das suas concorrentes e lançou um plano de rescisões amigáveis, prevendo a saída de 11 mil trabalhadores na Europa até 2010. A Renault tem em curso a redução de mais 5300 trabalhadores, após a saída de 1700. Nas filiais europeias, a construtora francesa estima suprimir mais 1100 postos de trabalho, sendo que alguns podem atingir a subsidiária portuguesa.

Em Portugal, os responsáveis da Nissan, GM e PSA não sabem se vai haver cortes nos postos de trabalho, mas tudo indica que vai haver reduções. A junção de operações das sucursais portuguesas e espanholas parece ser uma das soluções em cima da mesa.

Estas reduções seguem-se aos anúncios que têm marcado o sector nos últimos meses. A Ford já anunciou milhares de supressões, a Fiat também avançou há uns meses com mais de meia centena de despedimentos. Depois da 'limpeza', nada ficará como antes.

O próximo passo serão os anúncios de encerramentos de fábricas e venda de marcas. A Nissan já deu o mote, ao anunciar que vai redefinir a sua estratégia na unidade em construção na Índia e desistiu do projecto em conjunto com a Renault em Tânger, Marrocos.

A agravar a situação já delicada das fábricas, nomeadamente as pertencentes às marcas Renault e Peugeot-Citroën fora de França, está a imposição do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de obrigar os fabricantes a manter as unidades no país, como condição para receberem apoios do Estado, no valor de 6,5 mil milhões de euros.

A situação das grandes fabricantes norte-americanas é das mais graves de que há memória e as ajudas do Governo são encaradas como tábua de salvação.

O emagrecimento das marcas é outra solução. A Ford anda à procura de vendedor para a Volvo há vários meses e as últimas notícias apontavam para a sua venda aos chineses da Geely, enquanto a General Motors anunciou ter pelo menos dois interessados na marca Hummer. Os potentes jipes, que ficaram mundialmente conhecidos na Guerra do Golfo, poderão ir parar a mãos chinesas ou a um private equity.

A GM necessita de alienar activos para provar às autoridades dos Estados Unidos que o seu futuro é viável. Caso não consiga, poderá ter de abandonar os empréstimos estatais ou utilizar esses fundos para uma falência apoiada pelo próprio Estado americano.

A Chrysler, também a braços com uma situação financeira dramática, está a negociar uma parceria estratégica com os italianos da Fiat.

O grupo italiano, a par dos alemães da Volkswagen e dos coreanos da Hyundai são os campeões do sector, já que entre os principais fabricantes automóveis são os únicos a registar resultados positivos. Todos os restante estão no vermelho (ver infografia).

A redução de stocks a par das paragens das fábricas e da redução de trabalhadores é outra medida em curso. Ontem, Carlos Ghosn, presidente da Renault, apontou, durante a apresentação dos resultados do exercício do ano passado, a redução de stocks como uma solução, uma vez que "a produção caiu duas vezes mais depressa do que as vendas no último trimestre de 2008".

O mercado automóvel começa a estabili zar, após vários meses de quedas acentuadas nas vendas avançou ontem Jim Farley, responsável pelo marketing global da Ford, que diz que o mercado de usados tem vindo a crescer nas últimas semanas.
D. N. - Leonor Matias - 13.02.09

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails