A construtora automóvel Nissan anunciou hoje que vai despedir 20 mil trabalhadores entre Abril de 2009 e Março de 2010, para restaurar a sua rentabilidade fortemente afectada pela crise mundial.
"Em reacção a esta crise, para a qual não contribuímos, devemos reavaliar os nossos efectivos mundiais", declarou em conferência de imprensa o patrão do grupo, Carlos Ghosn.
Atingida pelo desmoronamento do mercado automóvel mundial e pela subida do iene face ao dólar e ao euro, a Nissan reviu em forte baixa as suas previsões financeiras para o exercício de 2008-2009, que termina em Março.
Prevê agora uma perda bruta anual de 265 mil milhões de ienes (2,2 mil milhões de euros) em vez do lucro de 160 mil milhões esperado anteriormente.
A Nissan conta ainda com uma perda de exploração de 180 mil milhões e com uma queda de 23,3 por cento do seu volume de negócios, para 8.300 mil milhões de ienes.
"Os piores cenários possíveis realizaram-se sistematicamente" em termos de câmbios e de condições de mercado, comentou Ghosn.
"Devemos proteger a nossa empresa face a esta situação", preconizou.
A Nissan já tinha caído no vermelho no terceiro trimestre de 2008-2009 (Outubro-Dezembro), com uma perda bruta de 83,2 mil milhões (693 milhões de euros) e uma perda de exploração de 99,2 mil milhões (827 milhões de euros).
O volume de negócios trimestral caiu 34,4 por cento num ano para 1.816,5 mil milhões de ienes (15,1 mil milhões de euros).
Ainda no terceiro trimestre, as vendas mundiais de veículos baixaram 18,6 por cento num ano, para 731.000 unidades.
Além da supressão de postos de trabalho, a Nissan vai implementar um sistema de "partilha do trabalho" entre o seu pessoal, reduzir os horários de trabalho ou instaurar dias de encerramento nas suas fábricas, e baixar as remunerações dos seus dirigentes.
Estas medidas visam reduzir em 20 por cento (de 875 mil milhões para 700 mil milhões de ienes) as despesas com pessoal nos países onde os seus custos são elevados - precisou o grupo em comunicado.
"Poderíamos reduzir as capacidades de produção, mas não temos nenhum projecto de encerramento de fábricas", afirmou todavia Carlos Ghosn.
"Esta crise não vai durar eternamente. Pensamos que poderemos utilizar de novos essas instalações quando a crise tiver terminado", acrescentou.
Entre outras medidas de austeridade hoje anunciadas, a Nissan vai suspender a sua participação num projecto de fábrica comum com o parceiro francês Renault em Tanger, no norte de Marrocos, e outro projecto comum com a Renault na Índia será revisto.
O plano estratégico "GT 2012" anunciado no ano passado será suspenso e a produção da Nissan será reduzida em 787.000 unidades durante o exercício em curso.
Destak/Lusa - 09.02.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
09/02/2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário