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13/02/2009

Jornalistas equiparados a espiões protestam contra Comissão

Profissionais alertam para interesse público da investigação jornalística
Uma carta enviada pelo chefe da segurança da Comissão Europeia (CE) destinada a todos os directores de serviço do executivo comunitário, publicada num jornal alemão, sugere que existem espiões que procuram acesso a informação confidencial que se fazem passar por jornalistas ou lobistas.

A CE desmentiu ontem que haja quaisquer acusações sobre os jornalistas acreditados junto da instituição, mas as organizações de defesa dos correspondentes europeus já se insurgiram contra o levantar de "uma nuvem de suspeição" sobre os jornalistas em Bruxelas.

"Não estamos apenas a apontar o dedo a jornalistas", afirmou Valérie Rampi, porta-voz do Comissário da Luta Anti-Fraude. "Pode muito bem ser a estagiária bonita, de pernas longas e cabelo loiro", continuou. "Preocupações com a segurança são uma coisa, mas este tipo de comentário coloca os jornalistas em risco e torna o trabalho de escrutinar funcionários públicos e o trabalho da Comissão mais difícil", reagiu Aidan White, secretário-geral da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), num comunicado divulgado ontem à tarde.

Ao mesmo tempo que reafirma que a "liberdade de imprensa não está ameaçada" em Bruxelas, a porta-voz ressalva que "não podemos pensar que vivemos num mundo perfeito", dizendo que os indivíduos que se dedicam a actividades de espionagem "vão tentar ter acesso a informação de várias formas".

A nota de segurança foi divulgada pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung na segunda-feira e faz referência não apenas a jornalistas, mas também, esclarece Rampi, "lobistas, agências privadas, membros das administrações nacionais, e terceiros que tentam acesso a informação sensível e secreta".

No entanto, as explicações da CE não satisfazem a FEJ nem a Associação da Imprensa Internacional (AII), que consideram necessário "lembrar a Comissão de que o jornalismo de investigação é do interesse público", explicou Lorenzo Consoli, presidente da AII e representante de 500 dos cerca de dois mil jornalistas acreditados junto da instituição comunitária. "É uma parte legítima e essencial da democracia permitir que os repórteres façam perguntas e tenham acesso a documentos." Para Aidan White, o que fica das declarações da Comissão é a "sugestão de que todos os jornalistas são potenciais espiões".
D.N. - Alexandra Carreira - 13.02.09

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