"Isto pode querer dizer praticamente uma razia absoluta ao nível dos professores contratados e em muitos grupos disciplinares o aumento brutal de número de pessoas com horário zero", afirmou hoje Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professore (FENPROF).
O responsável explica que, no âmbito das medidas acordadas com a 'troika', aos cortes deste ano no Ministério da Educação (ME), vão ser acrescentados mais 400 milhões a aplicar nos próximos dois anos.
"Os cortes assentam nos salários, que têm este ano um impacto de cerca de 160 milhões de euros na Educação. O resto tem a ver com empregos", explicou.
O sindicalista falava em Braga aos jornalistas no final de uma reunião do secretariado nacional da FEPROF, que reuniu professores de vários pontos do país.
Mário Nogueira disse esperar há vários dias do Ministério da Educação uma resposta a um pedido de reunião para tratar de "questões urgentes" relacionadas com o arranque do próximo ano lectivo.
"Neste momento não se percebe o silêncio", afirmou, acusando o ministro Nuno Crato de "desorientação".
Insistindo no que considerou ser "o silêncio ensurdecedor desta equipa do ME", o secretário-geral da FENPROF explicou que, face ao reduzido tempo para tratar da organização das escolas, "urge esclarecer" questões importantes para assegurar que as actividades lectivas comecem com tranquilidade em Setembro.
"Há medidas que são urgentemente tomadas ou não são tomadas", anotou, exigindo uma clarificação da tutela sobre o desenho curricular das disciplinas e se vai ou não haver mega-agrupamentos.
Para Mário Nogueira, "o senhor ministro [Nuno Crato] chega ao Ministério da Educação sem ter feito o trabalho de casa".
O dirigente sindical insistiu, por outro lado, que deve ser suspenso o modelo de avaliação dos professores, lembrando que os actuais partidos no poder, quando era oposição no Parlamento, votaram recentemente nesse sentido.
"Exigimos a anulação da produção de efeitos das classificações deste ciclo avaliativo", afirmou Mário Nogueira.
A FENPROF analisou em Braga, durante dois dias, o programa do Governo na área de educação e concluiu que o ministério "não merece o estado de graça, porque as coisas estão a ficar sem graça nenhuma".
Na sua opinião, "o programa deste Governo não é mais do que o agravamento das políticas para a educação nos últimos seis anos".
Mário Nogueira concluiu que o programa do Executivo liderado por Pedro Passos Coelho "constitui um forte atentado à escola pública e um evidente ataque aos direitos profissionais".
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