Desde que deixou a chefia do Governo britânico, há dois anos e meio, Tony Blair arrecadou mais de 17 milhões de euros em trabalhos part-time.
O número impressiona e tem causado algum falatório, mas a polémica nunca foi tão grande como esta semana, quando se soube que o antigo primeiro-ministro vai ganhar um ordenado de seis algarismos para vender malas da francesa Louis Vuitton.
A notícia saiu no Daily Telegraph, que denunciou a velha relação do primeiro-ministro - que levou os britânicos para a guerra do Iraque - com Bernard Arnault, o homem mais rico de França e maior accionista da marca de luxo.
O jornal, conotado com os conservadores, fala em "possível conflito de interesses". A tese colhe apoios entre alguns membros do Parlamento. Para Norman Lamb, liberal e um dos maiores críticos das ligações de Blair a círculos milionários, o acordo com a Louis Vuitton é um "horrível incesto".
"Isto deixa um amargo de boca. Se um ministro sabe que por ser amigo enquanto estiver no poder poderá beneficiar quando sair, isso compromete o Governo."
Blair convidou Arnault para passar alguns dias com a sua família na casa de campo oficial do primeiro-ministro em Chequers em 2003. Durante os jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, esteve "hospedado" no iate do francês.
Mas esses convites foram os menos polémicos. Em 2005, o filho mais velho de Blair esteve dois meses a estagiar numa rádio de Arnault, em Paris. Euan vivia num apartamento oferecido pelo francês, que também lhe pagou guarda-costas, um carro e um motorista. Tudo somado, a conta ficou em mais de 40 mil euros. Em 2007, a filha de Blair, Kathryn, estudou três meses na Sorbonne e ficou na mansão de 20 milhões de euros de Arnault em Paris.
Fonte anónima contou ao Telegraph que o acordo com Blair ainda não está assinado, mas as negociações vão na recta final. "Blair vai ter o papel de conselheiro e vai trabalhar muito perto de Arnault. O seu trabalho deverá passar por conseguir novos clientes."
Após abandonar o Governo, Blair tornou-se lobbyista do banco JP Morgan e conselheiro da seguradora Zurich. É enviado do Quarteto para o Médio Oriente e renunciou ao anglicanismo para se converter ao catolicismo.
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1466775&seccao=Europa
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