À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

14/01/2010

Trabalhadores da ex-Maconde ameaçam recusar lay-off

Os 120 funcionários que iriam entrar em regime de suspensão do trabalho só aceitam a decisão da administração se for pago o ordenado de Dezembro

Os 120 trabalhadores da Macvila (ex-Maconde), que deveriam entrar em regime de lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho com redução de salário) na próxima segunda-feira, estão a ponderar apresentar-se normalmente ao trabalho se a administração não pagar o salário de Dezembro, ainda em atraso.

Ontem, em plenário, a administração da empresa de confecções de Vila do Conde não se comprometeu com qualquer data para pagar o salário do último mês, bem como os restantes 50 por cento do subsídio de Natal, apurou o PÚBLICO junto de fonte sindical.

A administração, segundo a mesma fonte, terá dito que a resolução das dificuldades de tesouraria estava dependente do apoio financeiro do Ministério da Economia. Esclareceu, ainda, que esse apoio será desbloqueado mediante a entrega de um plano sobre a viabilidade da empresa, plano que, garantiram, está a ser elaborado. O desafio para que a empresa apresente um plano de garantia da viabilidade económica da ex-Maconde partiu do ministério, em reunião realizada em finais do ano passado.

O Ministério da Economia tem-se recusado a prestar esclarecimentos sobre a situação da empresa de Vila do Conde, designadamente sobre o tipo de apoios financeiros que poderão ser concedidos quando for apresentado o referido documento.

A Macvila tem actualmente 400 trabalhadores. Estava previsto que, a partir de segunda-feira e por dois meses, 120 trabalhadores entrassem em regime de lay-off e 10, do serviço de assistência à produção, passassem a ter uma redução de horário, da ordem dos 50 por cento. De acordo com a fonte sindical, é difícil perceber o que vai acontecer segunda-feira porque a carteira de encomendas não ocupa os 270 trabalhadores que é suposto permanecerem na empresa a cumprir o horário normal de trabalho.

Dois anos depois do plano de salvação da Macvila, com os bancos a trocarem os mais de 30 milhões de euros de crédito pelo património imobiliário, a fabricante de fatos para marcas de prestígio, como Armani e Hugo Boss, volta a estar sobre a ameaça da falência.

A empresa, que já foi líder do ramo da confecção em Portugal, empregando mais de dois mil trabalhadores, e que chegou a facturar mais de 130 milhões de euros, foi comprada por dois quadros da empresa, Luísa Rocha e José Amorim, no âmbito de um MBO (management buy-out). A compra, pelo preço simbólico de um euro, contou com o envolvimento directo do antigo ministro Manuel Pinho.

http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1417759

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails