Os credores da Qimonda Solar aprovaram hoje a liquidação da empresa, que tem dívidas de 26 milhões de euros, após ter falhado "uma derradeira tentativa" de viabilização proposta pela casa-mãe, a Qimonda AG.
"Foi proposta pela Qimonda AG uma derradeira tentativa, de um consórcio austro-ucraniano que estaria interessado em adquirir o projecto da Qimonda Solar [Itarion Solar], mas esse consórcio disse que já não estava interessado", afirmou a administradora de insolvência da empresa no final da assembleia de credores, que decorreu durante a manhã no Tribunal do Comércio de Gaia.
Segundo Carla Santos, também o consórcio luso-angolano liderado pela DST (integrando ainda a EDP, Visabeira, BES, BCP e o BPA), que anunciou pretender construir no local uma unidade de painéis solares, "não está interessado na continuidade do projecto", mas apenas, eventualmente, "no 'know how' e nas instalações" da Itarion.
Face a este cenário, Carla Santos diz que a única opção era a liquidação, que foi aprovada "por todos os credores presentes" e que passará pela venda dos activos da Itarion para pagamento dos créditos reclamados.
De acordo com a administradora de insolvência, as dívidas da Itarion ascendem a 26 milhões de euros, 600 mil euros dos quais aos 15 trabalhadores afectos ao projecto e o restante a credores como o BES, BCP e a construtora Casais.
Contudo, salientou Carla Santos, o terreno onde se encontra o edifício (ainda inacabado) da Itarion "é da Qimonda Portugal", pelo que aquela "terá que negociar com a Qimonda" uma eventual venda das instalações.
"O principal activo da Itarion são os adiantamentos prestados a fornecedores e estes não são activos líquidos, são ilíquidos, o que pode fazer com que o processo de liquidação se arraste no tempo", sustentou, acrescentando: "Vai ser tudo estudado, vamos ver qual é o montante efectivo do activo da Itarion".
Neste âmbito, uma das questões que, segundo Carla Santos, os trabalhadores querem "resolver em breve" é a libertação da garantia bancária de 550 mil euros prestada pela Itarion à Câmara de Vila do Conde, para obtenção da licença parcial para construção das respectivas instalações.
"Se a câmara libertar esta garantia pode ser paga a dívida de 600 mil euros aos trabalhadores, que são credores privilegiados e têm três meses e meio de salários em atraso", sustentou um funcionário da Itarion à saída do tribunal.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário de Almeida, disse compreender a situação dos trabalhadores, mas afirmou existir um "impedimento legal" à libertação da garantia, que só pode ser feita "quando a empresa levantar a licença final" de construção.
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