O rol de 33 casos apresentados por um advogado que representa os queixosos inclui denúncias de violação e tortura, que terão ocorrido entre 2003 e 2007 em centros de detenção na região de Bassorá. Num dos episódios, relatados pelo jornal Independent, os soldados são acusados de terem empilhado corpos de detidos civis iraquianos uns por cima dos outros e de lhes terem aplicado choques eléctricos.
Um das situações que o diário britânico considera mais perturbantes é a de um jovem que se queixou de ter sido torturado em Abril de 2007, segundo o modelo das fotografias dos abusos cometidos em Abu Ghraib. O jornal coloca a hipótese de conivência entre norte-americanos e britânicos no tratamento dos detidos.
Outro caso relatado envolve um jovem, à época com 16 anos, que se queixa de ter sido torturado e violado por dois militares quando estava sob custódia no aquartelamento militar de Shatt-al-Arab, em 2003. Diversos detidos queixaram-se de terem sido despidos, abusados e fotografados. Falsas execuções, ataques com cães, exposição de detidos a sexo entre militares e a imagens pornográficas fazem também parte das acusações.
Não é a primeira vez que surgem denúncias sobre abusos de soldados britânicos em serviço no Iraque, mas agora as acusações visam também militares mulheres, acusadas de terem participado e colaborado nos abusos sexuais e físicos sobre detidos.
A divulgação dos casos pela imprensa britânica segue-se à apresentação, na semana passada, de uma queixa formal do advogado Phil Shiner, que representa os civis iraquianos, a qual levou à abertura de um inquérito.
Para levar "a sério"
Em declarações à BBC, o ministro das Forças Armadas, Bill Rammell, disse que nem todas as situações denunciadas são novas e que "umas sete" tinham chegado ao conhecimento das autoridades no último mês. As restantes foram apresentadas em anos anteriores e estão a ser investigadas, acrescentou. Mas nas afirmações que fez a diferentes media, o governante referiu que "acusações desta natureza são levadas muito a sério" e que as "investigações oficiais" devem ser feitas "sem julgamentos prematuros". "A imensa maioria dos 120 mil militares britânicos que serviram no Iraque guiam-se por elevados padrões de coragem e integridade", sublinhou.
Phil Shiner, que representa também a família de Baha Mousa, um civil iraquiano morto em cativeiro numa prisão britânica em Bassorá, em 2003, depois de lhe terem sido infligidos 93 ferimentos, disse à BBC que "há centenas de casos mal esclarecidos". O advogado concorda que as queixas precisam de ser investigadas, mas, em declarações à estação televisiva britânica, contestou a tese de que os abusos serão da responsabilidade de "algumas maçãs podres" e pediu um inquérito público a todas as situações denunciadas.
O activista dos direitos humanos iraquiano Mazin Younis, que desde 2004 investiga alegados abusos de militares britânicos, disse à BBC que muitas vítimas esperaram anos para apresentar queixa com receio de represálias.
Público.pt - 15,11,09
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