O director do Refúgio Aboim Ascenção considera que há um risco maior do abandono de crianças por causa das dificuldades económicas e que o Estado não está a fazer tudo o que pode para proteger estas crianças.
«Não há dúvida de que esta crise vai gerar uma quantidade de crianças em perigo ou já vitimadas, porque em risco já elas estão. Todas as crianças sinalizadas pela Comissões de Protecção espalhadas pelo país estão em risco», explicou Luís Villas-Boas à TSF.
Este responsável adiantou, contudo, que o número de crianças não só no refúgio que dirige, mas também noutros centros de acolhimento que conhece tem diminuído, mas porque o Estado está a usar uma regra que está a colocar estes jovens em risco.
«O Estado tem de mostrar a sua virilidade na protecção das crianças. O que sabemos hoje e que me preocupa é que realmente está a ser usada uma medida de protecção da lei que diz que criança que esteja em dificuldade, negligenciada, com problema de risco pode ser remetidas para a própria família para serem protegidas», acrescentou.
Para Luís Villas-Boas, esta regra é um «paradoxo», já que significa que a criança fica à guarda de uma família que afinal a coloca em risco. «Os pais sentem-se donos das crianças. É preciso retirar essas crianças temporariamente aos pais», frisou.
Na opinião do director do Refúgio Aboim Ascensão, estas crianças têm de ser acolhidas temporariamente em centros criados para o efeito.
Em 2007, a Comissão Nacional para a Protecção de Crianças e Jovens em Risco sinalizou 309 casos de abandono de menores até aos dez anos e 7500 casos em que se verificou negligência relativamente a crianças.
TSF - 13.04.09
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