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14/04/2011

Contra FMI, Inter chama para Maio «Ajuda» para lutar

A CGTP-IN e os sindicatos condenam o recurso ao Fundo Monetário Internacional, que só ajudará a banca, e apelam à luta dos trabalhadores, para fazer um 1.º de Maio «excepcional».
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Na segunda-feira, a Comissão Executiva da CGTP-IN analisou a situação económica e política, numa reunião extraordinária, com a participação de economistas do movimento sindical e convidados (Octávio Teixeira, João Ferreira do Amaral e José Reis). Para hoje está convocado o Plenário de Sindicatos, que vai decidir sobre a luta e intervenção do movimento sindical unitário nos próximos meses. O facto relevante para a discussão, após a demissão do Governo e a convocação de eleições legislativas, foi o anúncio do «pedido de ajuda» à União Europeia e ao FMI.
Em conferência de imprensa, ao fim da tarde, o Secretário-geral da Intersindical deu conta dos resultados da discussão e das posições do órgão dirigente. Carvalho da Silva classificou como «hipocrisia absoluta» que se esteja a designar a intervenção do Fundo como «plano de ajuda», porque se trata de «uma tentativa de imposição de mais sacrifícios», que visa criar garantias «apenas para os donos do capital». «A vinda do FMI é que não ajuda mesmo nada», e o «plano de resgate», construído a partir do PEC 4, «colocará o País numa situação ainda pior».
Um resgate da dívida pública, defende a CGTP-IN, «tem que assegurar o crescimento económico e salvaguardar as condições sociais dos trabalhadores», e não pode conter medidas como a redução das pensões ou a desvalorização dos salários, nem políticas fiscais injustas, que continuarão a agravar a injustiça na redistribuição da riqueza.
A actual situação do País e as agravadas perspectivas para os trabalhadores colocam à CGTP-IN um claro objectivo: «Este 1.º de Maio vai ser excepcional!»
A propósito das eleições marcadas para 5 de Junho, Carvalho da Silva reafirmou que «não podem servir apenas para escolher o executante das políticas impostas de fora» e devem ser «um momento de escolha de governantes para exercerem políticas em função dos interesses do País, do seu povo».

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Voz nas ruas

Logo na quinta-feira, dia 7, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário emitiu uma nota considerando o «pedido de ajuda», anunciado na véspera, como «uma opção que não serve nem os trabalhadores nem o País» e que pretende «satisfazer as exigências da banca e da UE». O SNTSF/CGTP-IN lembra que «a experiência da Grécia e da Irlanda já demonstraram traduzir-se [tal «ajuda»] numa operação de injecção de milhares de milhões de euros na banca (nacional e internacional), arrancados depois aos bolsos dos trabalhadores».
«A luta dos trabalhadores continua a ser determinante para a defesa dos seus direitos, pelo que há que manter com toda a determinação as lutas em curso, sem descurar a possibilidade de avançar com novas formas de luta», declarou o sindicato.
Também para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, «a luta contra esta política vai intensificar-se, seja nas comemorações do 25 de Abril, nas manifestações do 1.º de Maio ou no plenário nacional da Frente Comum, já convocado para 20 de Maio, mas também nas eleições legislativas de 5 de Junho», nas quais o sindicato considera que «os trabalhadores devem penalizar pelo voto os partidos que têm sido responsáveis pelas políticas de direita prosseguidas ao longo dos últimos anos e que agora mais uma vez apoiam e promovem a ingerência externa na política e na economia nacional».
Num comunicado de sexta-feira, dia 8, o STAL/CGTP-IN condena a intenção anunciada pelo Governo que implica «mais sacrifícios para os trabalhadores e para as camadas mais desfavorecidas das populações». A medida é «tão mais inaceitável quanto é tomada por um governo demissionário e após a inequívoca condenação popular do PEC 4 e das medidas que aí se preconizavam».
Por outro lado, «o aplauso imediato do PSD e o apoio do CDS a esta intenção demonstram a unanimidade da direita em torno do aprofundamento da estratégia neoliberal do actual Governo e do Partido Socialista».
Anteontem, o Sindicato da Hotelaria do Algarve apelou a que «a voz do trabalho se faça sentir nas ruas», designadamente nas próximas comemorações do 1.º de Maio da CGTP-IN.
Reagindo ao anúncio do Governo, a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP) decidiu pedir, com carácter de urgência, reuniões aos partidos políticos para analisar o impacto de tal decisão no sector. Mostrou especial preocupação com a perspectiva de haver ainda mais cortes na despesa pública.

http://www.avante.pt/pt/1950/trabalhadores/114025/

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