Oposição não aceita nada que não seja a saída do presidente Mubarak
Milhares de manifestantes juntam-se no Cairo para exigir a demissão de Mubarak. O exército promete que não vai intervir.
Uma enorme multidão que superava de modo significativo as cem mil pessoas durante a manhã, e que continua a crescer, está a concentrar-se actualmente na Praça Tahrir do Cairo, marcando o oitavo dia de protestos contra o regime do presidente Mubarak.
A multidão está a juntar-se para tomar parte na "marcha de um milhão" de pessoas que foi convocada pela oposição e que deverá convergir posteriormente sobre o Palácio Presidencial. A cadeia de televisão árabe al-Jazeera estima que o número de pessoas presentes deverá superar o milhão dentro de pouco tempo, ao mesmo tempo que está prevista uma marcha de dimensões semelhantes na cidade de Alexandria.
As imagens que chegam do local do protesto mostram uma praça central absolutamente cheia de pessoas, praticamente sem lugar para mais ninguém, onde são ouvidos slogans que dizem "queremos derrubar o regime" e "Mubarak, o funeral é em Telavive".
Não-intervenção militar
O exército, que está presente nas ruas e cuja atitude os especialistas dizem que será decisiva para decidir o resultado da revolta popular, anunciou entretanto que não irá usar a força contra os manifestantes.
"O exército não usou, nem vai usar, a força contra o público. A liberdade de expressão pacífica é garantida a todos", anunciou ontem à noite oficialmente o porta-voz militar Ismail Etman. Os especialistas consideram que este anúncio representa um ‘golpe fatal' contra o presidente, cujo maior apoio vinha das forças armadas. O novo vice-presidente, Omar Suleiman, anunciou ontem estar disposto a entrar em diálogo com as forças da oposição, mas esta oferta foi já rejeitada pelo maior grupo oposicionista, a Irmandade Muçulmana.
"Não há nada que nós aceitemos de Mubarak, a não ser que ele embarque num avião e se vá embora", afirmou Ahmed Helni, um advogado de 45 anos que também está a protestar na praça Tahrir.
Para os analistas, o regime de Hosni Mubarak, que domina o Egipto há 30 anos e tem sido caracterizado pela corrupção e repressão da população, está praticamente acabado.
"A sucessão já está em curso. O que é importante agora é saber como gerir a saída do presidente, que têm que ser tão graciosa quanto possível. As altas patentes não aceitarão outra coisa, por motivos de honra", disse Steven Cook, especialista do Council of Foreign Relations de Londres.
http://economico.sapo.pt/noticias/milhares-nas-ruas-do-cairo_110075.html
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