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03/02/2011

Resposta colectiva mais determinada: Parar para lutar

Vai iniciar-se segunda-feira uma semana de greves nas principais empresas de transportes e nos CTT, mas outras paralisações e manifestações dão nota de um endurecimento das formas de luta dos trabalhadores.
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Os motivos para a luta nos transportes e comunicações continuam a prender-se com cortes e congelamentos de salários, aumento de descontos e a consequente perda de poder de compra, perante ataques violentos aos direitos conquistados e à contratação colectiva, a par de medidas de pretensa «contenção de custos» que abrem caminho a redução de serviços, encerramento de instalações, redução de postos de trabalho e entrega de áreas mais rentáveis a interesses privados.
Por iniciativa das estruturas da CGTP-IN no sector, mas com um esforço de unidade na acção concretizado na participação de organizações da UGT ou sem filiação em centrais, tiveram lugar importantes protestos na primeira quinzena de Janeiro, como a manifestação nacional de 1500 ferroviários, no dia 12, ou várias concentrações junto a sedes de associações patronais do sector rodoviário de passageiros e de mercadorias e também no Ministério do Trabalho. Foi no quadro desse alargado movimento de contestação à injusta política do Governo, suportada pelo Orçamento do Estado que o PSD viabilizou e Cavaco Silva apadrinhou, que os representantes dos trabalhadores decidiram avançar para esta série de greves, cujo calendário foi concretizado dia 19, em nova reunião das estruturas.
Os primeiros a parar, na segunda-feira, dia 7, são os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa. No dia 9, quarta-feira, as greves ocorrem na Transtejo, na Carris e na STCP. De hoje a uma semana, dia 10, pára o pessoal das empresas do sector ferroviário (e a tracção volta a parar dia 15). Greves de duas horas por turno estão marcadas para dia 11 na Soflusa, tal como em várias empresas privadas de transporte de passageiros. Nos dias 10 e 11 os trabalhadores dos CTT realizarão greves sectoriais de três horas e meia por dia.
Com a sua situação agravada, entraram em greve anteontem os trabalhadores da Cariano, cujos salários têm sido pagos com atraso desde o início de 2010 e que têm agora a receber ordenados desde Outubro, ajudas de custo e parte dos subsídios de Natal e de férias, numa média de oito mil euros a cada um dos 140 profissionais – como referiu um dirigente do Strup/CGTP-IN ao Diário de Leiria. O sindicato revelou que novas greves estão já marcadas para 28 de Fevereiro e os meses seguintes.
Marcar greve para o próximo dia 11 foi a decisão tomada no plenário de trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda, que teve lugar durante a tarde de segunda-feira, no acesso principal da sede da INCM. O sindicato da CGTP-IN no sector recorda que já em 2010 os trabalhadores ficaram sem aumentos salariais, por causa das medidas do Governo para a Administração Pública, e voltaram a ser penalizados já nos salários de Janeiro, embora a empresa apresente lucros. Na manhã do dia da greve vai realizar-se um encontro de trabalhadores junto à sede da INCM.
Para amanhã, no átrio do edifício central da Câmara Municipal de Lisboa, no Campo Grande, está convocada pelo STML/CGTP-IN uma reunião de trabalhadores que sofreram corte salarial em Janeiro, para tratar da entrega de contestações e reclamações. Anteontem, muitos funcionários da CML fizeram ouvir protestos perante a aprovação, na Assembleia Municipal, de uma reestruturação de serviços pretendida pelo Executivo de António Costa e viabilizada pela abstenção do PSD.
Desde terça-feira e até amanhã, estão em greve trabalhadores da recolha de lixo e de outros sectores da Câmara e Serviços Municipalizados de Loures, que exigem a reposição do subsídio de deslocação, atribuído há mais de 28 anos e retirado em Dezembro por decisão de Carlos Teixeira. A greve continuava a registar uma forte adesão anteontem, apesar da carga policial ocorrida nessa madrugada, revelou o STAL/CGTP-IN. O sindicato acusou as forças policiais de terem usado gás-pimenta para tentarem permitir a saída ilegal de viaturas.
No dia 16, trabalhadores de cantinas, refeitórios, hotéis e restaurantes de todo o País vão concentrar-se frente à sede da associação patronal, subindo assim o protesto contra o boicote desta à contratação colectiva. A decisão foi anunciada durante os protestos que tiveram lugar no dia 27, no Porto, e no dia 28, em Lisboa. Os salários não são revistos há quatro anos, a AHRESP por regra não responde aos sindicatos e as propostas esporádicas que envia são inaceitáveis, porque pretendem desregular por completo os horários de trabalho, o que iria desarticular a vida dos trabalhadores e baixaria substancialmente as já magras remunerações destes – embora o sector até viva uma situação económica saudável, como referiram ao Avante! dirigentes sindicais, durante a acção da passada sexta-feira.
Em Viseu, a ASPP/PSP iniciou anteontem uma série de plenários, com protestos públicos, que vão alargar-se a outros distritos até 15 de Março. O presidente da associação sindical voltou a pedir a demissão do ministro da Administração Interna, pela incapacidade demonstrada na resolução dos problemas da Polícia e dos polícias, que provocam injustiças e ilegalidades em torno do novo estatuto profissional, imposto por «um Governo que cria as leis e depois não as cumpre», como acusou Paulo Rodrigues, citado pela agência Lusa.

http://www.avante.pt/pt/1940/trabalhadores/112468/

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