Milhares de pessoas participaram, sábado, em Londres e Manchester, nos protestos convocados por organizações estudantis e sindicatos contra as medidas de austeridade impostas pelo governo.
Na capital britânica, estudantes, trabalhadores e pais concentraram-se junto à sede do Partido Conservador, e dali marcharam, pelo centro da cidade, rumo ao parlamento. A manifestação decorreu sem incidentes, isto apesar de a polícia ter distribuído panfletos avisando que usaria a força caso a iniciativa terminasse em confrontos, como aconteceu no início de Dezembro do ano passado.
Desta feita, a provocação das autoridades não colheu e os participantes cumpriram a jornada contra o aumento das propinas no ensino superior, os cortes nos apoios sociais aos alunos desfavorecidos e outras medidas draconianas que o governo pretende aplicar no sector público.
Cenário idêntico em Manchester, onde o Sindicato Nacional dos Estudantes e a Confederação sindical TUC encabeçaram o protesto. Na cidade do Norte de Inglaterra, no entanto, 16 jovens foram detidos pela polícia depois de um grupo de centena e meia ter abandonado a coluna da manifestação.
Para Sally Hunt, do sindicato dos professores UCU, o governo de David Cameron «declarou guerra aos jovens» e atraiçoa «uma geração inteira de estudantes» ao aprovar medidas como a alteração para pior das regras de cálculo das bolsas e a triplicação do valor das propinas. Universidades como a de Oxford já anunciaram a intenção de aumentar a taxa de frequência anual para 9500 euros, ficando a escassos 1000 euros do limite máximo de 10500 euros decretado pelo executivo.
No mesmo sentido expressou-se a dirigente do TUC, Kay Carberry, presente na manifestação em Manchester. «Enquanto os banqueiros abrem garrafas de champanhe, o governo obriga os jovens da Grã-Bretanha a pagar a factura da crise e da recessão que eles provocaram», disse.
Trabalhadores vão para a luta
Do lado dos estudantes contra os cortes na despesa estatal e em defesa da Escola Pública, os funcionários do sector têm razões sólidas para protestar. No âmbito da redução da despesa pública em 92 mil milhões de euros nos próximos quatro anos, e usando como argumento o combate ao défice, actualmente em 11 por cento do PIB, a coligação liberal-conservadora pretende eliminar cerca de meio milhão de postos de trabalho na Administração Pública.
Por isso, disse Max Watson, do UNISON, um dos principais sindicatos britânicos da função pública, «isto é apenas o começo de muitos protestos locais e nacionais» contra os cortes «que não foram votados por ninguém. Vai haver mais greves e manifestações», avisou.
Antes das manifestações de sábado, a TUC realizou um plenário com representantes dos 58 sindicatos afiliados. O objectivo foi discutir formas de protesto que dêem sequência às jornadas de luta já agendadas, que culminarão na manifestação nacional de 26 de Março.
A direcção da TUC não quis falar de greve geral – forma de luta ilegal na «democrática» Grã-Bretanha –, mas garantiu que os protestos sectoriais se vão fazer sentir.
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