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12/01/2010

184 operários parados na Oliva

São já poucos os acreditam na recuperação da Oliva. Entre os 184 trabalhadores, o desânimo é geral depois de entregue no tribunal o plano que propõe a dissolução da metalúrgica. Os operários não têm para fazer e as condições de laboração deterioram-se.

Confrontados, no plenário da manhã de ontem, com a confirmação de que o plano apresentado ao Tribunal de S. João da Madeira pelo gestor judicial, no âmbito do processo de insolvência, prevê a dissolução da empresa, alguns dos trabalhadores não esconderam o seu desalento e revolta pelo momento vivido.

Com o cenário de encerramento apontado como mais do que provável, os trabalhadores desistiram do recurso à greve como forma de contestação pelo não pagamento de 50% do salário de Dezembro e a totalidade do subsídio de Natal. Contudo, é mais do que provável manifestarem-se na próxima assembleia de credores que continua sem data marcada, depois do adiamento de ontem.

No exterior do edifício confirmavam-se as preocupações e queixumes. "Como vamos sobreviver apenas com metade do ordenado de Dezembro?". "Se não têm dinheiro para nos pagar, que nos mandem, pelo menos, para o fundo de desemprego e não nos andem a enganar tanto tempo", protestavam operários que apontavam a falta de trabalho como o sinal mais expressivo para o provável encerramento da empresa.

"Trabalho aqui há 40 anos e nunca vi a Oliva assim. Já houve muitos problemas, mas nunca estivemos parados como agora" confirmava Fernando Bastos.

Indignado, o trabalhador denunciava ainda a situação precária em que alegadamente a empresa se encontra a laborar. "Isto não é uma empresa. É um estaleiro de sucata onde há lixo, cai água pelas paredes onde há quadros de energia, onde a gente trabalha e nos gabinetes. É lama por todo o lado. Nem as pocilgas têm estas condições de trabalho", revela.

"O Ministério do Ambiente e a Delegação de Saúde deviam ver o que se passa nestas instalações. Somos violentados com falta de condições de trabalho e afectados psicologicamente e fisicamente", concluiu, de seguida.

Reuniões de urgência

A esperança dos trabalhadores reside agora num possível apoio do governador civil de Aveiro, José Mota, e do presidente da Câmara de S. João da Madeira, Castro de Almeida, a quem já foram pedidas reuniões de urgência.

No âmbito do processo de insolvência não está ainda afastada a possibilidade de surgir um investidor que decida continuar com o negócio, garantindo desta forma os postos de trabalho. Um cenário que é, no entanto, dado como pouco provável pelos próprios trabalhadores.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=S%E3o%20Jo%E3o%20da%20Madeira&Option=Interior&content_id=1467302

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