A indústria metalúrgica no distrito de Braga atravessa uma grave crise. Já fecharam algumas grandes empresas, outras atravessam grandes dificuldades. Uma delas é a Jado Ibéria, que anunciou novo lay-off de meio ano.
A ALBRA, que também fez play-off, continua com dificuldades em pagar salários e subsídios, assim como a empresa Alberto Carvalho Araújo, que enfrenta problemas e a Leica, em Famalicão, com 500 trabalhadores, corre o risco de encerrar (ver caixa).
Os 129 trabalhadores da multinacional Jado Ibéria, em Braga, dizem sentir-se "às escuras" quanto ao futuro. Para já, avança mais um lay-off, a partir do próximo dia 24, desta vez. Reunidos, ontem, em plenário, os trabalhadores decidiram apresentar uma contraproposta à administração: se não pagar metade do que vão perder com o lay-off, avançam "com novas formas de luta", explica Joaquim Braga, da comissão de trabalhadores. "Já sabemos que o lay-off é irreversível, mas não achamos justo que sejamos sempre nós a pagar por uma situação que não criámos", diz. Caso a administração não aceite a proposta, haverá um novo plenário para uma tomada de posição mais forte.
Outro trabalhador que, com medo de represálias, oculta o nome, recorda que "a empresa não apresenta justificações concretas, a não ser a conjuntura, para não haver trabalho". "Isto não está famoso. O trabalho é pouco e sentimos que as coisas não estão bem, mesmo que nos digam o contrário", diz, por seu turno, o metalúrgico Augusto Moreira. "Uma das coisas que é certa é que o lay-off só veio prejudicar os trabalhadores", diz.
Para Joaquim Braga, a aplicação do lay-off é preocupante, nesta altura, "quando começa um novo ano escolar e é preciso comprar livros, material escolar e outras coisas. Qualquer dia, não temos dinheiro para comer". A indignação sobe de tom quando se fala dos "salários miseráveis que recebem" e que, com a lay-off, ficam reduzidos a dois terços, ou seja, menos de 100 a 150 euros.
É neste contexto que os empregados da Jado Ibéria pedem que dos 34 dias que não vão receber salário, a administração pague metade. "Trabalho aqui há 37 anos e nunca vi uma situação tão grave como esta, sobretudo depois da alteração da lei que permite às administrações recorrerem ao lay-off indefinidamente".
Os trabalhadores lançam também criticas à Segurança Social, por "não contabilizar os dias de lay-off, prejudicando, futuramente, os trabalhadores". "Já andamos a perder no ordenado e, agora, andam a tirar-nos dias para, depois, recebermos menos", acusa Augusto Moreira. Recorde-se que, em finais de 2008, a administração encerrou a fundição, tendo-a transferido para a Alemanha. As razões prendiam-se com a existência de prejuízos financeiros, por não haver encomendas que justificassem o funcionamento de, pelos menos, um dos fornos eléctricos existentes na empresa. O JN tentou, sem sucesso, ouvir a administração da empresa em Portugal.
J.N. - 09.09.09
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