A crise laboral no porto de Aveiro poderá alastrar a outros portos nacionais com "formas de greve que podem vir a ser decretadas", disse hoje à Lusa o advogado da Fesmarpor, a confederação dos sindicatos marítimos e portuários.
O jurista adiantou que a Fesmarpor "emitirá pré-avisos de greve para vários portos caso este conflito (de Aveiro) não seja resolvido a muito curto prazo".
A Fesmarpor congrega também os sindicatos dos trabalhadores portuários de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Viana do Castelo, além de Aveiro, estes na terceira semana de greve em protesto contra o não pagamento do subsídio de férias por parte da Empresa de Trabalho Portuário de Aveiro, a empresa de mão-de-obra portuária.
A Fesmarpor salienta que, "se é verdade que [a greve pode acarretar] prejuízos diários de 500 mil euros no porto de Aveiro, não é menos verdade que apenas uma terça parte do prejuízo de um só dia de greve chegaria para pagar a todos os trabalhadores portuários o montante do subsídio de férias".
A confederação sindical diz, em comunicado, que "não pode ficar indiferente à conflitualidade laboral no porto de Aveiro e, por isso, declara firmemente que, a prosseguir a estratégia empresarial de violação de tais direitos fundamentais dos trabalhadores, ver-se-à impelida a envolver as demais organizações sindicais do sector em iniciativas de incidêncial operacional que possam contribuir para a urgente superação de tal conflito".
Segundo o jurista da Fesmarpor, estas "iniciativas de incidência operacional" traduzem-se por "formas de greve que poderão vir a ser decretadas e é evidente que todas as iniciativas assumidas pelos outros sindicatos são expressões de solidariedade para com os trabalhadores de Aveiro".
A fonte especificou que tais iniciativas "tanto podem ser expressas com pequenas ou longas paragens da actividade portuária".
"Não faz sentido que as empresas estejam a perder tanto dinheiro, quando um só dia era suficiente para cobrir o subsídio de férias. O que está em causa é o desrespeito por parte das empresas (que participam na ETP), que têm obrigações contratuais, e só querem pagar após as negociações, as quais não têm nada a ver com o subsídio, mas com as condições de trabalho", esclareceu à Lusa.
A actual greve dos estivadores de Aveiro entrou na terceira semana, tendo provocado já um desvio de 12 navios, em média, por semana para o porto de Leixões.
A Associação das Empresas de Estiva do Porto de Aveiro teme pelo "futuro imediato dos postos de trabalho", estando a diligenciar com a mediação do IPTM e acompanhamento da Administração do Porto de Aveiro para "uma solução urgente para suprir as necessidades de tesouraria da ETP de Aveiro, através das suas empresas associadas, bem como "assegurar um futuro economicamente sustentável à ETP".Ionline.pt - 19.08.09
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