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18/08/2009

Fecho repentino deixa 100 crianças sem infantário

O infantário e o ATL da Associação de Moradore s da Ex-Escola Académica do Porto, fechou, deixando cerca de 100 crianças e 22 funcionários sem alternativa. Dívidas à Segurança Social e acção do Montepio estarão na origem do encerramento.

Durante a manhã de ontem, alguns funcionários e pais das cerca de 100 crianças que frequentavam a instituição privada de solidariedade social da Rua do Pinheiro concentraram-se à porta, tentando obter uma explicação para o fecho súbito, do qual foram avisados há menos de uma semana.

Na carta enviada pela direcção a paise funcionários, pode lerse que "cortes de subsídios da Segurança Social, débitos à Segurança Social e às Finanças, herdados por esta direcção, de direcções anteriores(...) provocaram um desequilíbrio financeiro que impede a subsistência da Associação".

Recorde-se que sob a Associação de Moradores pesa ainda uma acção judicial de reinvindicação de propriedade por parte do banco Montepio que foi reconhecida em tribunal em Novembro do ano passado. Todavia, ao que foi possível ontem apurar, não terá ainda exigido a desocupação do imóvel.

"Fui informada na quarta-feira, por carta, que a escola ia fechar", queixava-se, à porta, Sandra Dias, mãe de um aluno. "Já corri os infantários todos da Sé e não há vagas.Onde vamos pôr os nossos filhos?", interrogava-se.

O infantário retomava ontem o funcionamento, depois de ter estado fechado para férias. A carta da direcção surpreendeu os encarregados de educação, que exigem uma explicação. "Aceitaram as inscrições em Junho e agora dizem-nos que vai fechar", lamenta Fátima Gonçalves, acrescentando que "deviam, pelo menos, ter comunicado mais cedo".

Contactada pelo JN, a direcção da Associação de Moradores confirmou que o encerramento se deu "por questões económicas" e também "por as instalações pertencerem ao Montepio".

Um representante do Montepio Geral do Porto que esteve no local disse, contudo, ainda não ter conhecimento da "entrega oficial do edifício à instituição bancária".

A escola EB/1 do Pinheiro, situada no quarteirão da Escola Académica, também não irá funcionar este ano. A "insuficiência de alunos" foi a justificação dada a Fátima Gonçalves para a procura de outra escola para a filha de seis anos.

"Terão que procurar outra instituição", era a solução indicada no comunicado, que prometia assistência por parte da Segurança Social. No entanto, outra mãe, Helena Pereira garantiu já ter tentado entrar em contacto com a instituição, mas sem sucesso. "Ninguém nos diz nada, a direcção devia estar aqui para nos dar uma explicação", afirmou a encarregada de educação, que promete avançar para a Direcção Regional de Educação do Norte.

Liliana Cruz é uma das 22 funcionárias da Ex-Escola Académica que fica, agora, sem emprego. A trabalhar na instituição há 12 anos, também ela foi informada por carta do despedimento na passada sexta-feira, e assegura, indignada, que "alguém tem que se responsabilizar."

Para alguns, a situação já era prevísivel. Conceição Cunha, avó de um aluno, acusa a direcção da associação de "má gestão" e de "falta de respeito por pais e funcionários".

Fonte da Segurança Social informou que a instituição "comunicou recentemente a intenção de encerrar as suas actividades e pediu a suspensão dos Acordos de Cooperação celebrados com a Segurança Social por 180 dias".

J.N. - 18.08.09


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