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18/08/2009

Em apenas um ano foram destruídos 234,9 mil empregos para trabalhadores com ensino básico ou menos e 115,2 mil para operários

Eugénio Rosa

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acabou de divulgar as Estatísticas do Emprego referentes ao 2º Trimestre de 2009. A atenção dos media concentrou-se fundamentalmente no número de desempregados, mais de meio milhão (precisamente 507,7 mil) no 2º Trimestre de 2009, que já é um número dramático. Esta focalização da atenção tem impedido que se tornem visíveis outros aspectos também dramáticos do grave problema do emprego e desemprego em Portugal neste momento. Este estudo tem precisamente como objectivo chamar a atenção para esses aspectos que normalmente são esquecidos

NUM ANO APENAS A DESTRUIÇÃO LÍQUIDA DE EMPREGO ATINGIU 151,9 MIL E A POPULAÇÃO COM EMPREGO NO 2ºTRIMESTRE DE 2009 É JÁ INFERIOR À DO 2º TRIMESTRE DE 2005

Desde o 2º Trimestre de 2008 tem-se verificado em Portugal, em todos os trimestres, uma destruição liquida elevada de emprego, e a população empregada no 2º Trimestre de 2009 é já inferior à que tinha emprego no 2º Trimestre de 2005, portanto quando este governo entrou em funções, como mostram os dados do INE constantes do quadro seguinte.

QUADRO I – Evolução do emprego em Portugal no período 2005-2009
PORTUGAL
Sexo
Valor trimestral
2T-2008
2T-2009
2T-2005
2T-2009
2º T-2005
2ºT-2008
3ºT-2008
4ºT-2008
1ºT-2009
2ºT-2009
Milhares de indivíduos
População
empregada
HM 5 132,0 5 228,1 5 195,8 5 176,3 5 099,1 5 076,2 -151,9 -55,8
H 2 767,1 2 808,4 2 793,0 2 784,4 2 718,6 2 702,9 -105,5 -64,2
M 2 364,9 2 419,7 2 402,8 2 391,9 2 380,5 2 373,3 -46,4 8,4
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e de 2009 –INE

Na campanha eleitoral. Se considerarmos o período compreendido entre o 2º Trimestre de 2005 e o 2º Trimestre de 2009, ou seja, o período correspondente ao deste governo, a destruição liquida de emprego já atinge 55,8 mil. No entanto, se considerarmos o período compreendido entre o 2º Trimestre de 2008 e 2º Trimestre de 2009, verificou-se uma destruição liquida de emprego muito mais elevada tendo atingindo 151,9 mil postos de trabalho. Desse total, 105,5 mil eram ocupados por homens e 46,4 mil por mulheres. Para além disso, verificou-se em todos os trimestres deste período, incluindo o 2º Trimestre de 2009, uma destruição liquida elevada de emprego. No 3º Trimestre de 2008 foram destruídos 32,3 mil; no 4º Trimestre de 2008, 19,5 mil; no 1º Trimestre de 2009, 77,2 mil empregos; e no 2º Trimestre de 2009 o emprego liquido destruído atingiu 22,9 mil empregos líquidos. E isto apesar de Sócrates ter anunciado, com a incompetência que o caracteriza quando fala de temas económicos, que a crise tinha chegado ao fim. É evidente que a continuar este elevada destruição de emprego liquido, em Setembro de 2009 no lugar de termos mais 150.000 novos postos de trabalho como Sócrates prometeu, teremos sim é menos 150.000. O que está a suceder é dramático, pois a economia portuguesa não só não está a criar emprego para aqueles que entram de novo no mercado de trabalho, mas está sim a destruir o emprego de muitos que o tinham. É por isso que o desemprego vai continuar a disparar.

NUM ANO APENAS O NÚMERO DE EMPREGOS OCUPADOS POR TRABALHADORES COM O ENSINO BÁSICO OU MENOS DIMINUIU EM 234,9 MIL

O desemprego não está a atingir uniformemente os trabalhadores com nível de escolaridade diferentes como mostram os dados do INE constantes do quadro seguinte.

QUADRO II – A destruição liquida de emprego por níveis de escolaridade
PORTUGAL
Sexo
Valor trimestral
VARIAÇÃO
2ºT2005
2ºT-2008
3ºT-2008
4ºT-2008
1ºT-2009
2ºT-2009
2T09-2T05
2T09-2T08
Milhares de indivíduos
Até ao básico - 3º ciclo HM 3 705,1 3 663,4 3 627,5 3 577,9 3 476,4 3 428,5 -276,6 -234,9
H 2 108,0 2 079,6 2 068,5 2 040,5 1 966,2 1 942,7 -165,3 -136,9
M 1 597,1 1 583,8 1 559,1 1 537,5 1 510,2 1 485,8 -111,3 -98,0
Secundário e pós-secundário HM 740,5 788,5 804,1 794,8 817,1 837,4 96,9 48,9
H 381,0 412,1 415,1 416,4 421,4 428,1 47,1 16,0
M 359,5 376,4 389,0 378,4 395,7 409,3 49,8 32,9
Superior HM 686,5 776,2 764,2 803,5 805,5 810,3 123,8 34,1
H 278,1 316,6 309,4 327,5 330,9 332,0 53,9 15,4
M 408,4 459,6 454,8 476,0 474,6 478,3 69,9 18,7
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º Trimestre 2009- INE

No período compreendido entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2ª Trimestre de 2009, portanto num ano apenas, o número de postos de trabalho ocupados por trabalhadores com o ensino básico ou menos diminuiu em 234,9 mil (276,6 mil se se considerar o período 2005/2009 de Sócrates), o que inevitavelmente determinou que uma parte significativa destes trabalhadores (os que não se reformaram ou não conseguiram encontrar emprego, mesmo de pior qualidade e mais mal pago do que aquele que tinham), caíram na situação de desemprego. È evidente que estes trabalhadores terão muitas dificuldades em arranjar novo emprego, e se não receberem subsídio de desemprego cairão certamente na situação de miséria (35% já viviam abaixo do limiar da pobreza em 2008- INE ).

Durante o mesmo período (2º Trim1008/2ºTrim2009) o número de trabalhadores empregados com o ensino secundário aumentou em 48,9 mil, e com formação superior subiu em 34,1 mil. Está-se assim a registar em Portugal uma reestruturação dramática do emprego por níveis de ensino porque realizado num período extremamente curto (um ano apenas). Entre o 2º Trimestre de 2005 e o 2º Trimestre de 2008, portanto em 3 anos, a percentagem da população empregada com o ensino básico ou menos diminuiu de 72,2% para 70,1%, ou seja, à media anual 0,7 pontos percentuais (13,9 mil por ano), enquanto no último ano, portanto num ano apenas, diminuiu 2,5 pontos percentuais (234,9 mil num único ano) ou seja, 16,9 vezes mais.

NUM ANO APENAS O NÚMERO DE EMPREGOS OCUPADOS POR OPERÁRIOS DIMINUIU EM 115,2 MIL

Por profissões também algumas estão a ser mais afectadas pelo desemprego do que outras, como revelam os dados do INE constantes do quadro seguinte

QUADRO III – Evolução do emprego por profissões
PORTUGAL
Profissão (CNP-94)
Sexo
2T2005
2T2008
2T2009
2T2009-
2T2008
2T2009-
2T2005
Milhares
1: Quadros superiores da Administração Pública, dirig. e quadros superiores de empresa HM 494,6 304,6 351,0 46,4 - 143,6
H 325,4 210,0 241,5 31,5 - 83,9
M 169,2 94,6 109,5 14,9 - 59,7
2: Especialistas das profissões intelectuais e científicas HM 433,2 465,5 488,6 23,1 55,4
H 183,7 205,0 215,6 10,6 31,9
M 249,4 260,5 273,0 12,5 23,6
3: Técnicos e profissionais de nível intermédio HM 435,5 481,5 488,0 6,5 52,5
H 247,0 251,7 264,7 13,0 17,7
M 188,5 229,9 223,3 - 6,6 34,8
4: Pessoal administrativo e similares HM 508,7 471,2 481,6 10,4 - 27,1
H 185,5 183,8 172,9 - 10,9 - 12,6
M 323,2 287,3 308,7 21,4 - 14,5
5: Pessoal dos serviços e vendedores HM 680,6 796,8 790,8 - 6,0 110,2
H 223,5 260,7 243,3 - 17,4 19,8
M 457,1 536,2 547,5 11,3 90,4
6: Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas HM 559,7 571,2 538,9 - 32,3 - 20,8
H 273,8 287,3 278,9 - 8,4 5,1
M 285,9 283,9 260,0 - 23,9 - 25,9
7: Operários, artífices e trabalhadores similares HM 940,3 1 034,1 918,9 - 115,2 - 21,4
H 739,5 830,3 752,2 - 78,1 12,7
M 200,8 203,7 166,6 - 37,1 - 34,2
8: Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem HM 415,8 391,2 400,3 9,1 - 15,5
H 340,9 328,1 321,7 - 6,4 - 19,2
M 75,0 63,1 78,6 15,5 3,6
9: Trabalhadores não qualificados HM 636,5 679,4 588,7 - 90,7 - 47,8
H 222,1 222,1 186,3 - 35,8 - 35,8
M 414,3 457,3 402,4 - 54,9 - 11,9
0: Forças Armadas HM 27,2 32,6 29,3 - 3,3 2,1
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º Trimestre de 2009 – INE

Entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, a destruição de emprego líquido em Portugal atingiu 151,9 mil. No entanto, se a análise for feita por profissões conclui-se que 115,2 mil diziam respeito a empregos ocupados por "Operários, artífices e trabalhadores similares" e 90,7 mil por "Trabalhadores não qualificados". Como a soma dá 205,9 mil, portanto mais 54 mil do que o emprego liquido destruído neste período, que foi 151,9 mil, isto significa que existiram profissões onde se verificou aumento do emprego (Quadros superiores: +46,4 mil; Especialistas: +23,1 mil, etc.). Portanto, está a verificar também uma forte reestruturação do emprego em Portugal a nível de profissões, com consequências também dramáticas, porque muitos destes trabalhadores dificilmente serão reciclados para novas profissões.

O EMPREGO LÍQUIDO DIMINUIU EM 121,3 MIL NA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA DURANTE O GOVERNO DE SÓCRATES, CONSEQUÊNCIA DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO CRESCENTE DO PAÍS

Durante o governo de Sócrates verificou-se uma destruição elevada de emprego liquido na industria como revela o quadro seguinte, construído com dados divulgados pelo INE.

QUADRO IV – Emprego por sectores da economia no período 2005 - 2009
PORTUGAL
Sexo
2º T2005
2º T2008
2T2009
2T2009-
2T2008
2T2009-
2T2005
Milhares
A a B: Agricultura, silvicultura e pesca HM 604,6 587,4 551,3 - 36,1 -53,3
H 298,6 298,9 280,5 - 18,4 -18,1
M 306,0 288,5 270,7 - 17,8 -35,3
C a F: Indústria, construção, energia e água HM 1 565,9 1 539,6 1 444,6 - 95,0 -121,3
H 1 130,0 1 126,9 1 052,9 - 74,0 -77,1
M 435,9 412,7 391,7 - 21,0 -44,2
D: Indústrias transformadoras HM 973,1 906,3 863,6 - 42,7 -109,5
F: Construção HM 549,7 558,7 513,5 - 45,2 -36,2
G a Q: Serviços HM 2 961,5 3 101,0 3 080,3 - 20,7 118,8
H 1 338,5 1 382,5 1 369,4 - 13,1 30,9
M 1 623,0 1 718,5 1 710,9 - 7,6 87,9
Fonte : Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º Trimestre de 2009 – INE

No período compreendido entre o 2º Trimestre de 2005 e o 2º Trimestre de 2009, o emprego liquido diminuiu em Portugal em 55,8 mil, mas o emprego liquido na "Industria, construção, energia e água" reduziu-se em 121,3 mil, sendo 77,1 mil na industria Transformadora, o que é uma consequência da rápida e crescente desindustrialização do País. No período 2ºT2008 a 2ºT2009, a destruição de emprego liquido no País atingiu 151,9 mil, no entanto 95 mil foram na "industria, construção, energia e água, sendo 74 mil na Indústria Transformadora.

OS GRUPOS ETÁRIOS MAIS ATINGIDOS PELA DESTRUIÇÃO LÍQUIDA DE EMPREGO TÊM SIDO OS TRABALHADORES DOS ESCALÕES 15-24 E 25-45 ANOS

Os grupos etários não têm sido afectados de uma forma igual pela destruição líquida de emprego, como mostra o quadro seguinte construído com dados divulgados pelo INE

QUADRO V – Emprego por grupos etários no período 2005-2009
PORTUGAL
População empregada
Sexo
Valor trimestral
2ºT-2008
3ºT-2008
4ºT-2008
1ºT-2009
2ºT-2009
2T2009-
2T2008
Milhares de indivíduos
Dos 15 aos 24 anos HM 432,0 422,7 411,0 387,7 378,2 - 53,8
H 245,5 235,2 230,9 208,7 202,1 - 43,4
M 186,5 187,5 180,1 179,1 176,1 - 10,4
Dos 25 aos 34 anos HM 1 348,2 1 325,6 1 329,5 1 302,3 1 290,4 - 57,8
H 719,5 706,4 709,3 687,7 684,8 - 34,7
M 628,7 619,1 620,2 614,6 605,6 - 23,1
Dos 35 aos 44 anos HM 1 329,3 1 333,6 1 324,0 1 323,2 1 323,5 - 5,8
H 700,0 705,2 698,9 692,8 689,7 - 10,3
M 629,4 628,4 625,1 630,4 633,8 4,4
Dos 45 aos 64 anos HM 1 792,7 1 787,8 1 788,8 1 771,7 1 770,2 - 22,5
H 961,7 967,1 967,2 957,4 954,4 - 7,3
M 830,9 820,7 821,6 814,3 815,8 - 15,1
Com 65 e mais anos HM 325,9 326,1 323,1 314,2 313,9 - 12,0
H 181,7 179,0 178,2 172,0 171,8 - 9,9
M 144,2 147,1 144,9 142,2 142,1 - 2,1
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2009 – INE

Entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, portanto apenas num ano, a destruição liquida de emprego atingiu 151,9 mil, tendo o numero de empregos de trabalhadores com idade compreendida entre os 15 e 24 anos diminuído em 53,8 mil, e os com idade entre os 25 e 34 anos baixado em 57,8 mil, que somados dão 111,6 mil, o que representa 73,5% do desemprego destruído durante este período. Parece assim claro que os grupos etários mais afectados pela destruição líquida de emprego têm sido, em primeiro lugar, os com idade entre os 25 e 34 anos e, depois, o grupo entre os 15 e 24 anos, portanto os mais jovens.

O DESEMPREGO EFECTIVO CONTINUA MUITO ACIMA DO DESEMPREGO OFICIAL

É evidente que esta destruição líquida elevada de emprego, que está a atingir de uma forma diferenciada os diferentes grupos da população fez disparar o desemprego no nosso País. O quadro seguinte, construído também com dados todos eles constantes das Estatísticas do Emprego do INE, mostra que o verdadeiro valor do desemprego em Portugal é certamente muito superior ao desemprego oficial.

QUADRO VI –Desemprego oficial e desemprego efectivo no período 2005-2009
DESIGNAÇÃO
2º TRIMESTE
2005
2006
2008
2009
2009-2005
POPULAÇÃO ACTIVA – Mil 5 531,3 5 586,4 5 638,0 5 583,9 52,6
População Activa+Inactivos disponíveis – Mil 5607,2 5670,2 5702,7 5648,1 40,9
DESEMPREGO OFICIAL – Mil 399,3 429,7 409,9 507,7 108,4
Inactivos Disponíveis – Mil 75,9 83,8 64,7 64,2 -11,7
Subemprego Visível – Mil 64,4 62,6 72,1 63,3 -1,1
DESEMPREGO EFECTIVO – Mil 539,6 576,1 546,7 635,2 95,6
TAXA OFICIAL DE DESEMPREGO – % 7,2% 7,7% 7,3% 9,1% 1,9 p.p.
TAXA EGECTIVA DE DESEMPREGO – % 9,6% 10,2% 9,6% 11,2% 1,6 p.p.
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º Trimestre 2009- INE

No 2º Trimestre de 2009, o desemprego oficial era de 507.700 o que correspondia a uma taxa de desemprego de 9,1%. No entanto, se adicionarmos ao desemprego oficial, os "inactivos disponíveis" (desempregados que não procuraram emprego durante a semana em que foi feito o inquérito e que, por isso, não foram considerados no desemprego oficial, apesar de estarem desempregados) mais o "subemprego visível" (desempregados que fazem biscates para sobreviver e que também por isso não foram incluídos no desemprego oficial); repetindo, se adicionarmos ao desemprego oficial, os "inactivos disponíveis" e o subemprego visível obtém-se 635,2 mil desempregados, o que corresponde já a uma taxa de desemprego de 11,2%.

Se a análise do desemprego for feita por idades constata-se que, entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, no grupo 15-24 anos o desemprego aumentou 20,5% (+14,8 mil); no grupo 25-34 anos cresceu 31,6% (+37,6 mil); no grupo 35-44 anos subiu 19,5% (+18,8 mil); e no grupo com mais de 45 anos aumentou em 21,6% (+26,5 mil). Portanto, o grupo que está a ser mais afectado pelo desemprego é o de 25 a 34 anos, e o com mais de 45 anos, portanto potencialmente os com maior capacidade produtiva.

Se a análise for feita por níveis de escolaridade consta-se que, entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, o desemprego de trabalhadores com o ensino básico ou menos cresceu em 23,9% (+ 70,7 mil); os com o ensino secundário subiu em 37% (+24,4 mil), e com o ensino superior aumentou em 5,9% (+2,8 mil). Percentualmente o que cresceu mais foi com o nível de escolaridade correspondente ao ensino secundário, mas, em valor absoluto, os com o ensino básico ou menos.

Por duração na situação de desemprego, constata-se que, no 2º Trimestre de 2009, 5,3% estavam no desemprego há menos de um mês; 33,1% entre 7 e 11 meses; 19% entre um ano e dois anos; e 27,3% do desempregado há mais de dois anos. Os desempregados que estavam há mais de um ano na situação de desemprego representavam 46,3% do total ( 235,2 mil).

O NUMERO DE DESEMPREGADOS SEM SUBSIDIO DE DESEMPREGO TEM AUMENTADO

O número de desempregados que não recebem subsidio de desemprego aumentou no último ano – Junho2008/Junho2009 - como mostra o quadro seguinte, construído com dados divulgados pelo INE e pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

QUADRO VII – Número de desempregados e desempregados a receber subsidio de desemprego, Jun2008/Junho2009
DATA /Mês
Desemprego oficial
Desemprego efectivo
DESEMPREGADOS A RECEBER SUBSIDIO DE DESEMPREGO
DESEMPREGADOS QUE NÃO RECEBEM SUBSIDIO DE DESEMPREGO
Em relação ao Desemprego oficial
Em relação so Desemprego efectivo
Junho de 2008 409.900 546.700 251.402 -158.498 -295.298
Setembro de 2008 433.700 246.696 -187.004
Dezembro de 2008 437.600 254.667 -182.933
Março de 2009 495.800 299.236 -196.564
Junho de 2009 507.700 635.200 323.255 -184.445 -311.945
AUMENTO -Junho2008/Junho2009 + 97.800 + 88.500 + 71.853 + 25.947 + 16.647
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2009 e dados sobre os desempregados a receber subsidio do Ministério M.T.S.S.

Entre Junho de 2008 e Junho de 2009, o desemprego oficial aumentou de 409,9 mil para 507,7 mil (+97,8 mil), o desemprego efectivo subiu de 546,7 mil para 635,2 mil (+ 88,5 mil), mas o numero de desempregados a receber subsidio de desemprego cresceu apenas em 71,8 mil, pois passou de 251,4 mil para 323,2 mil. Como consequência o numero de desempregados sem receber subsidio de desemprego aumentou em + 25.947 se se considerar o desemprego oficial, e em mais 16.647 se se considerar o desemprego efectivo.

Em Junho de 2009., segundo o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, dos 323.255 desempregados estavam a receber subsídio de desemprego apenas 223.441 (subsidio médio: 521 euros), recebendo os restantes – 99.814 – o subsidio social de desemprego de valor muito inferior (subsidio médio: 334 euros).

Em resumo, como consequência da elevada destruição de emprego liquido que se está a verificar em Portugal, com o consequente disparo do desemprego, são os sectores mais fragilizados da sociedade portuguesa – trabalhadores com um nível de escolaridade igual ou inferior ao ensino básico; os operários e os trabalhadores não qualificados; a indústria e os trabalhadores com idade superior aos 45 35 anos - que estão a ser mais afectados pelo desemprego e pela falta de protecção social. É urgente alargar o subsidio de desemprego como este governo fez, e não o subsidio social de desemprego a mais desempregados, e prolongar a sua duração, assim como promover a criação de mais emprego, nomeadamente através do investimento público de efeitos rápidos no combate ao desemprego.

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