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17/08/2009

Destruição de 152 mil empregos é a maior de sempre

O número de pessoas sem trabalho superou oficialmente a barreira do meio milhão. A taxa de desemprego continuou a subir no segundo trimestre deste ano, para 9,1%, o valor mais alto dos últimos 23 anos. Indústria e Construção lideraram a destruição de emprego, que fez reduzir o número de pessoas empregadas para o nível mais baixo desde 2000.

A economia destruiu mais empregos num ano do que os que tinha conseguido criar em três. O emprego caiu, no segundo trimestre, para o nível mais baixo desde 2000, com 5,076 milhões de pessoas empregadas, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Trata-se de uma redução líquida de 151,9 mil empregos num ano (ou 2,9%), a maior de que há registo.

A forte quebra no nível de emprego continua a afectar sobretudo os jovens, com mais de 111 mil empregos destruídos na faixa etária dos 15 aos 34 anos. O fenómeno deixou, contudo, de ser exclusivo dos mais precários. A destruição de emprego foi mais forte entre os contratados a termo ou dependentes de vínculos mais frágeis (80 mil), mas atingiu também cerca de 22 mil contratados sem termo.

A saída de um número significativo de pessoas para uma situação de inactividade não impediu um acréscimo de 97,8 mil desempregados, com o número oficial a subir para o recorde de 507,7 mil pessoas. A taxa de desemprego situou--se nos 9,1%, o valor mais elevado desde o início de 1986, mostra a série do Eurostat. A subida foi de duas décimas face ao primeiro trimestre e de 1,8 pontos percentuais face ao mesmo período do ano anterior.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que a taxa de desemprego chegue aos dois dígitos ainda este ano. O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, afasta esse cenário, mas admite que o desemprego possa continuar a agravar-se até ao final do ano. "É possível que isso aconteça. Mas por estarmos a assistir a uma alteração da situação económica e de existir no terreno um conjunto muito alargado de políticas activas de emprego, o risco de atingirmos esses valores [10%] ficou agora mais afastado", argumenta, em declarações ao DN (ver entrevista na última página).

Homens, dos 15 aos 34 anos, com baixas qualificações, do sector da indústria e construção foram os que mais contribuíram para a diminuição da população empregada e, simultaneamente, para o aumento do desemprego, explica o INE.

O número de homens desempregados (257 mil) superou, aliás, o das mulheres (251 mil). A inversão desta diferença histórica, que também se tem registado noutros países europeus, estará relacionada com os sectores mais afectados.

Construção e indústria continuam a liderar a destruição de emprego, explicando a redução de 88 mil postos de trabalho. Mas foi também essa a tendência na administração pública (-29 mil, exclui a educação), agricultura e até no alojamento e restauração, que no Verão cria geralmente emprego.

Significativo é também o número dos que decidiram abandonar o mercado de trabalho: há menos 54,1 mil pessoas activas do que há um ano, na maior redução homóloga desde pelo menos 1998, data do início da série do INE.

A subida do desemprego é sobretudo explicada por situações recentes, mas está a subir o número dos que não conseguem arranjar trabalho. A taxa de desemprego de longa duração está agora nos 4,2%, contra 3,6% há um ano.

José Sócrates chega ao final da legislatura com menos emprego do que quando tomou posse. Contra o objectivo político da criação de 150 mil postos de trabalho, existem hoje menos 56 mil pessoas empregadas do que no segundo trimestre de 2005. O primeiro-ministro defendeu ontem que o desemprego deverá baixar no próximo ano, contrariando as previsões dos economistas.

Já o presidente da República, Cavaco Silva, escusou-se a comentar temas "com conotações político-partidárias", remetendo uma eventual "excepção" para mais tarde.

D.N. - 15.08.09

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