A economia sofrerá uma contracção de 3,5% este ano e de 0,6% em 2010. Com a pior crise desde 1975, as famílias cortam no consumo e as empresas param o investimento, diz o Banco de Portugal.
Pelo menos 120 mil pessoas perdem o emprego este ano e no próximo mais 80 mil postos de trabalho serão suprimidos no sector privado, de acordo com as previsões ontem avançadas pelo Banco de Portugal. Um cenário que parece concretizar a projecção da OCDE de uma taxa de desemprego de 11,7% no último trimestre de 2010, no total de 650 mil pessoas.
O emprego deverá registar "uma diminuição de 2,6% em 2009", descreve o banco central, nas previsões de Verão. Segue-se "uma nova redução do nível de emprego de 1,5% em 2010. A destruição do emprego - com consequente aumento do desemprego - estará concentrada no sector privado. "Depois de um aumento de 0,7% em 2008", o emprego "deverá cair perto de 3% em 2009" e 2% em 2010. Os funcionários públicos estão livres da ameaça do desemprego a avaliar pelas previsões do banco central.
"Apesar da economia começara a recuperar em 2010, o desemprego não começará a diminuir tão cedo ou pelo menos no inicio desse ano", afirmou ontem Vítor Constâncio, no Parlamento, classificando a situação do desemprego como "muito preocupante".
Até ao fim de 2010, o governador do Banco de Portugal antevê um quadro negro para a economia portuguesa. Este ano, o produto interno bruto (PIB), a riqueza gerada, sofre uma contracção de 3,5%, seguida de nova quebra de 0,6% em 2010.
A pior crise económica desde 1975 (ver caixa) tem explicação. O colapso do comércio internacional, após a crise financeira, iniciada nos EUA em 2007, ameaça agora "destruir" 17,7% das exportações nacionais. No mercado interno, sem negócios, as empresas estão a "esganar" o investimento.
O consumo das famílias deverá recuar 1,8%, em relação a 2008, seguida de outra descida em 2010 (ver quadro). Tudo isto apesar dos preços (inflação) caírem 0,5%. Ameaça de desemprego, incerteza quanto à manutenção dos níveis salariais (através do recurso ao lay-off) e cortes nos empréstimos bancários levam as famílias a cortar nas compras de bens até ao fim de 2010.
"É um quadro preocupante", diz o ministro da Economia e Finanças, Teixeira dos Santos, ao comentar as previsões. No entanto, afirma que a manutenção da previsão do Banco de Portugal - em Abril, já Vítor Constâncio tinha previsto uma quebra de 3,5% da economia - significa que "porventura estamos a bater no fundo desta crise e que não é de esperar que as coisas se agravem ainda mais".
D.N. - 16.07.09
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