Os cinco maiores bancos norte-americanos têm actualmente uma exposição ao mercado de derivados que supera largamente a riqueza produzida no planeta durante vários anos.
A maior exposição pertence ao banco JPMorgan, que tem 87,3 biliões de dólares (66 biliões de euros) em jogo no mercado de derivados, seguido pelo Bank of America, com uma exposição de 38,3 biliões de dólares (28,9 biliões de euros) e pelo Citibank, com 32 biliões de dólares (24 biliões de euros), revelam os dados trimestrais divulgados pelo 'Comptroller of the Currency', o responsável do Governo norte-americano que acompanha os negócios da banca.
Na quarta posição surge o Goldman Sachs com 30 biliões de dólares (22,8 biliões de euros) em jogo e em último está o Wells Fargo que, depois da fusão com o Wachovia, detém "apenas" 5 biliões de dólares (3,85 biliões de euros) no mercado de derivados.
Isto significa que só o JPMorgan sozinho tem um montante em jogo que é superior em seis vezes ao Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.
No seu conjunto, os cinco maiores bancos dos EUA têm 193 biliões de dólares em jogo no mercado de derivados. A título de comparação, os dados mais recentes do Banco Mundial colocam o PIB mundial nos 54,3 biliões de dólares.
Quando os activos não cobrem a exposição no mercado
Estes valores representam a grande aposta que as instituições financeiras efectuaram desde o ano 2000 no mercado de derivados que, antes da crise, registou um crescimento exponencial, beneficiando do facto de ter uma regulação "ligeira".
Por esta razão, o multimilionário norte-americano Warren Buffett já chamou a este tipo de instrumentos "armas de destruição financeira massiva", em particular porque a exposição dos bancos supera de longe o valor dos seus activos - para os 87 biliões que tem em contratos de derivados, o JPMorgan tem activos avaliados em 1,74 biliões, por exemplo.
No caso do Goldman Sachs, a situação é ainda mais preocupante: para a sua exposição de 30 biliões de dólares ao mercado, o banco conta apenas com activos avaliados em 162 mil milhões de dólares - uma fracção ínfima do dinheiro que tem em jogo.
Só no último trimestre de 2008, nota o 'Comptroller of the Currency', o valor dos contratos de derivados detidos por todos os bancos norte-americanos aumentou em 24,5 biliões para 200,4 biliões de dólares (151,3 biliões de euros), ou seja, 14,4 vezes a dimensão da economia dos Estados Unidos, devido à conversão dos bancos de investimento em bancos comerciais.
A mesma fonte precisa que 98,2% do valor destes derivados são representados em contratos de garantia de dívida, que se tornam em perdas no caso da parte garantida pagar o que deve.
A crise financeira levou a que estes mercados tenham começado registar perdas. Só no último trimestre do ano passado, os bancos norte-americanos perderam 9,2 mil milhões de dólares em contratos de derivados, a primeira vez que este negócio deu um retorno negativo.
O 'Comptroller of the Currency' alerta que, no final do ano passado, apenas 7,8 biliões de dólares estavam em risco de incumprimento. Mas este valor pode aumentar significativamente com o aumento das falências causadas pela crise de crédito. Como os montantes envolvidos são absolutamente colossais, o incumprimento de apenas uma pequena fracção destes contratos representa perdas gigantescas.
“Infelizmente para os bancos, a combinação de factores económicos é a pior possível”, nota o gabinete do Governo norte-americano.
- Exposição nominal ao mercado de derivados (valores em dólares):
Banco | Valor |
JPMorgan | $87.362.672.000.000 |
Bank of America | $38.304.564.000.000 |
Citigroup | $31.887.869.000.000 |
Goldman Sachs | $30.229.614.000.000 |
Wells Fargo | $5.159.568.000.000 |
Total: | $192.944.287.000.000 |
Fonte: Comptroller of the Currency - Administrator of National Banks (EUA)
Diário Económico - 15.06.09
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