À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

20/06/2009

60 mil desempregados no sector da construção - Em Abril, um em cada cinco novos inscritos no IEFP provinha do ramo das obras

Os números relativos ao sector da contrução não saem do vermelho. Todos os indicadores continuam a descer, excepto os das obras públicas, onde há uma ligeira subida. Os dados do desemprego superam mesmo as perspectivas do sindicato.

Em Abril, o número de desempregados do sector da construção civil fixava-se nos 60 476. Isto é, nesse mês, verificou-se um aumento homólogo de 23 mil desempregados oriundos desse sector inscritos nos centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional. "Na realidade, um em cada cinco novos desempregados inscritos provém do sector da construção", refere a última análise conjuntural apresentada ontem pela Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP).

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) no primeiro trimestre deste ano o número de trabalhadores da construção diminuiu cerca de 8,3%, em termos homólogos, para um total de 514 mil. A FEPICOP sublinha que este é o "valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 1999, quando eram 532 400 os trabalhadores no sector, um número que aumentou muito nos anos seguintes até agora".

Dados que o presidente da AICCOPN (Associação dos Construtores do Norte), Reis Campos, classifica como "do pior", recordando que em Fevereiro alertaram as entidades para esta probabilidade, dizendo que "se o segmento residencial, que representa 38% da actividade do sector e 60% da mão-de-obra, não for resolvido, até ao final do ano teremos 95 mil desempregados".

Ontem, Reis Campos voltou a insistir na necessidade de avançar seriamente para a reabilitação urbana, como forma de travar o aumento destes números. "Nenhum partido é contra, mas nada se faz. No dia 29 haverá que alterar para o regime jurídico da Reabilitação Urbana, dando mais poderes às câmaras e SRUS, mas não há uma indicação de alteração de rendas nem de financiamento específico, e sem isso nada feito".

E o presidente a AICCOPN insiste, "cerca de 10% do valor que irão pagar em subsídios de desemprego, se nada for feito, dava para fazer a reabilitação urbana".

Albano Ribeiro, do Sindicato da Construção do Norte, foi surpreendido pelos números relativos ao desemprego em Abril, uma vez que, em Fevereiro, apontavam para uma "subida de 50 mil até Setembro. Não prevíamos que fosse tão mau tão depressa".

No entanto, acredita que estes valores podem ser contrariados com "as várias obras públicas, como as auto-estradas que já estão a avançar e podem ter um impacto significativo", alertando, por outro lado, que "poderão não existir trabalhadores qualificados para essas obras, porque esses já se foram embora".

Além dos números do emprego, o relatório da FEPICOP dá conta que, no primeiro trimestre do ano, o investimento no sector caiu 15%, face ao mesmo período do ano passado.

Tendo em conta já o mês de Maio, o documento faz referência a uma subida superior a 10% no segmento da Engenharia Civil, e a uma descida na produção do segmento residencial de 20%, e da carteira de encomendas de 40%, em termos homólogos.

J.N. - 20.06.09

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails