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21/04/2009

Dinheiro dos portugueses vai todo para alimentação

Os sinais da crise fazem sentir-se no bolso dos cidadãos, que concentram as suas compras na alimentação. 81% afirmam que terão de reduzir os gastos este ano.

Vão menos vezes aos supermercados, mas concentram as suas compras na alimentação e apostam cada vez mais nas marcas próprias dos hipermercados e supermercados. Este é o retrato dos consumidores portugueses no primeiro trimestre deste ano, segundo a TNS Worldpanel, que ontem apresentou estes dados.

Segundo as conclusões da empresa de estudos de mercado, que analisa os gastos de centenas de famílias em Portugal, os portugueses gastaram mais 3,9% nas compras de produtos de grande consumo (onde estão incluídos os artigos alimentares) nos primeiros três meses de 2009, quando comparado com o ano anterior. No entanto, o número total de artigos que levam para casa não aumentou em relação a 2008, o que significa que os consumidores estão a concentrar as suas compras nos bens essenciais. Os gastos com alimentação representam agora 62,5% do total da compra, quando no ano passado representavam 62,1%.

Prova disso é o aumento de vendas dos principais produtos básicos dos supermercados: a carne congelada disparou 66%, o peixe congelado subiu 21,8% e os vegetais congelados cresceram 20,8%, o que prova que os portugueses optam pela alimentação dentro de casa, evitando os restaurantes.

As idas aos centros comerciais estão também a descer, inclusivamente a níveis mais baixos do que os registados em 2007 e 2008. Em Janeiro deste ano, o número de visitas caiu 17,5%, quando comparado com o mês anterior. Já em Fevereiro, a descida foi de 3,8% e em Março foi de 2,3%. Esta é, aliás, uma tendência sentida desde Setembro de 2008, refere a empresa.

Segundo uma pesquisa da TNS, efectuada em Janeiro deste ano, os consumidores estão preocupados com a sua situação: 81% afirmam que terão de "reduzir os gastos", enquanto 55% dos inquiridos garantem que não terão "possibilidade de poupar". 26% vão mesmo mais longe e explicam que o seu emprego "está em risco".

O peso das marcas próprias dos supermercados e hipermercados está a aumentar, representando já um terço (33%) nas compras dos portugueses no primeiro trimestre deste ano. Quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o consumo destes produtos aumentou 2,7 pontos percentuais. Estes artigos têm merecido cada vez mais a confiança dos portugueses: 57% dos inquiridos afirmam que "as marcas próprias têm a mesma qualidade que os produtos de marca".

A grande distribuição (supermercados e hipermercados) está a apostar cada vez mais nestas marcas, contribuindo já para 28,8% do seu consumo, ganhando terreno aos discounts, que tradicionalmente apostam nos produtos próprios.

Nos combustíveis, as marcas próprias estão também a singrar, indicam os dados da TNS. Em Fevereiro, os postos dos supermercados e hipermercados eram já responsáveis por 27% do volume total consumido em Portugal. No mesmo mês do ano anterior, esta percentagem era de apenas 17,5%.

D.N. - 21.04.09

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