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23/04/2009

Crise vai destruir 160 mil empregos em Portugal

A economia recua 4,1% este ano, em linha com a Zona Euro e continua em depressão no próximo ano. O défice orçamental será de 6% em 2009 e 2010, diz o Fundo Monetário Internacional. O FMI prevê níveis de desemprego nunca antes registados. A taxa de desemprego vai subir de 7,6% para 9,6% este ano e para 11% no próximo.

Dois anos consecutivos de uma séria recessão vão resultar na perda de 160 mil postos de trabalho em Portugal, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). A instituição aponta ainda para a destruição de 21 mil empregos no período desta legislatura (2005 a 2009), que deverá terminar com o PIB a contrair 4,1% e o desemprego a caminho do nível mais elevado de que há registo.

Caso se confirmem as perspectivas ontem divulgadas, a percentagem da população activa à procura de trabalho será de 9,6% este ano. De acordo com a série do próprio FMI, o valor deste ano seria o mais alto desde 1984, apesar de os históricos nacionais (INE, desde 1983) e europeu (Eurostat, 1960) nunca terem registado uma taxa de desemprego anual tão elevada. E a tendência é de agravamento, com a subida para o recorde de 11% em 2010.

Nessa altura, segundo o World Economic Outlook, o número de pessoas empregadas vai recuar para níveis de 2000. Serão 5,036 milhões de pessoas, contra os 5,196 milhões registados no ano passado. O maior impacto deverá sentir-se já este ano, com a destruição de 94 mil postos de trabalho.

Aos 160 mil postos perdidos entre 2008 e 2010, é necessário somar os casos daqueles que todos os anos entram no mercado de trabalho, para se ter uma ideia do possível aumento global do número de desempregados. Geralmente, são cerca de 40 mil por ano. No ano passado foram, porém, apenas sete mil, uma quebra que terá resultado da resposta das pessoas à crise. O FMI não desagrega este indicador.

O cenário é, contudo, mais dramático no conjunto da Zona Euro, com a taxa de desemprego a subir para 10,1% este ano e 11,5% no próximo.

Com a actividade portuguesa contagiada pela crise externa (ver caixa sobre Zona Euro), a produção final (PIB) em 2009 deverá recuar 4,1% em relação a 2008 e 0,5 em 2010, segundo as previsões do FMI, ontem divulgadas. Na semana passada, o Banco de Portugal anunciou esperar uma contracção de 3,5%, mas a previsão do Fundo, como dizem os economistas, está em linha com o esperado para a área euro.

A quebra da economia é o preço a pagar pela volumosa queda das exportações de mercadorias - em Fevereiro terá regredido 25,5% face ao mesmo mês de 2008, de acordo com dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística, INE - pela forte degradação do investimento empresarial e desaceleração no consumo das famílias. Estas estão a abrandar no consumo corrente - em bens alimentares - e a cortar nas compras de bens duradouros. Um movimento explicado pelo aumento do desemprego e pela desconfiança e medo em relação ao futuro. Os preços (inflação), diz o Fundo, deverão este ano aumentar 0,3% e 1% em 2010.

Com a queda das receitas fiscais - no primeiro trimestre deste ano recuaram 955 milhões de euros face a igual período de 2008 - e com as despesas sociais e subsídios à economia a aumentar, o FMI prevê que o défice orçamental atinja os 6% do PIB em 2009 e os 6,1% em 2010.

D.N. - 23.04.09

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