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24/04/2009

120 despedidos na Leoni apanhados de surpresa

A Leoni despede 120 de 722 trabalhadores e justifica a medida com a "drástica redução" das encomendas. A decisão colhe de surpresa operários. Sindicatos apelam ao Governo para que fiscalize a legalidade do processo.

Várias das trabalhadoras atingidas pelo despedimeto colectivo ontem anunciado pela Leoni, em Viana do Castelo, não conseguiram disfarçar a emoção, à saída da fábrica. Aos operários, na sua maioria mulheres, a administração comunicou que vai mandar 120 para o desemprego, de um total de 722 funcionários. A empresa, que se encontra em "lay-off" há cerca de dois meses, justificou, em comunicado, a medida com a "redução drástica e continuada dos pedidos", observando que a redução parcial do período normal de trabalho "provou ser uma medida insuficiente". Os sindicatos apelam, agora, à tutela, para que fiscalize a "legalidade e transparência de todo o processo".

"Não estava de todo à espera de uma decisão destas. Ninguém estava", confidenciou, emocionada, uma operária de 39 anos, perto de 17 deles passados a trabalhar na fábrica de S. Romão de Neiva, afiançando que só ao início do seu turno, ontem à tarde, teve conhecimento da decisão. Segundo Paula Correia, outra das trabalhadoras dispensadas pela unidade de fabrico de cablagens para automóveis, os funcionários foram chamados ao início do respectivo turno, sendo-lhes, então, comunicado o despedimento. "Falava-se de muita coisa. Até ontem (anteontem) me disseram que estava para cair uma bomba na empresa. Parece que, agora, já caiu", acrescentou.

No documento divulgado, a administração da Leoni refere que a decisão ficou a dever-se tanto à redução das encomendas como às perspectivas "pouco animadoras dos próximos dois anos", situações que, segundo a empresa, obrigaram a fábrica a "reduzir a sua capacidade de produção".

Para as estruturas sindicais, que chegaram a interpor uma providência cautelar para travar o "lay-off", o despedimento ontem anunciado poderá apresentar-se como "o primeiro passo para o desmembramento total da empresa". Tal receio é manifestado pelo coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo, Branco Viana, que considera que a atitude da empresa "parece ter sido premeditada". A propósito, indagou: "Se a empresa havia dito que não tinha disponibilidade financeira para formação, como é que dispõe de verbas para o despedimento?" Aludindo a decisão tomada em altura em que a fábrica se encontra em "lay-off", considerou tratar-se de questão "que queremos ver esclarecida pelas entidades competentes".

J.N. - 24.04.09

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