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23/04/2009

Greve geral no Chile: Trinta mil desfilam em Santiago

Milhares de chilenos aderiram à greve geral convocada pela principal central sindical do país. Os trabalhadores rejeitam pagar a crise capitalista, reclamam o aumento do salário mínimo e exigem o fim da lei que afasta os seus representantes dos cargos de eleição popular.

Embora a paralisação tenha tido particular adesão no sector público – dado que no privado ainda pesam sobre os trabalhadores práticas e normas herdadas dos tempos da ditadura de Pinochet – a Central Única dos Trabalhadores do Chile (CUT) avalia como um êxito a greve geral realizada na passada quinta-feira. Em Santiago, capital do país, pelo menos 30 mil pessoas desfilaram em quatro marchas que confluíram num grande comício.
Significativo, ainda, o facto dos trabalhadores terem resistido com firmeza e serenidade às provocações policiais. As autoridades metropolitanas da capital impediram um dos percursos pelo centro da cidade. Chegaram a registar-se confrontos entre os manifestantes e o forte contingente de carabineiros ali colocado, que respondeu aos protestos com canhões de água e deteve 46 pessoas. Não obstante, e apesar de terem sido obrigados a alterar o trajecto, a esmagadora maioria dos participantes conseguiu chegar ao local da concentração.
Noutras cidades do Chile, a CUT informou que muitos saíram igualmente à rua. Mais de 135 mil no total das iniciativas levadas a cabo em Temuco, Valparaíso, Iquique, La Serena, Arica, e nas regiões de Maule ou Biobío.

Força para lutar

Os patrões têm a dar e não a receber, expressou Arturo Martínes, presidente da CUT, na intervenção de encerramento das manifestações em Santiago. «Tem que devolver parte da mais-valia com que enriqueceram ao longo destes anos», acrescentou lembrando o lema da greve geral, «não podem ser os trabalhadores a pagar a crise».
Quando em cima da mesa o patronato coloca como proposta o congelamento do salário mínimo, os trabalhadores respondem com a exigência de um aumento daquela remuneração. «O clamor do Chile é mais justiça social e um salário mínimo decente que esteja acima do limiar da pobreza», disse Martínez.
O presidente da CUT deu ainda voz à exigência de revisão da lei que impede dirigentes e activistas sindicais de serem eleitos para o parlamento, afirmando que o povo tem força para lutar por esta justa medida.
Avante - 23.04.09

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