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22/04/2009

Resistir à ameaça na Lisnave

A administração da Lisnave pretende despedir o coordenador da Comissão de Trabalhadores e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos, Filipe Rua, por este ter acompanhado outro dirigente para uma reunião no estaleiro. Como testemunhas no processo, o sindicato conta já com Carvalho da Silva e João Silva, e contactou também Mário Soares.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Sul endereçou hoje um apelo ao antigo Presidente da República, para que aceite ser indicado como testemunha no processo de contestação do despedimento. Mário Soares deverá apenas confirmar que, na sua visita ao estaleiro da Mitrena, durante a última campanha para as eleições presidenciais, foi acompanhado pelo trabalhador que a Lisnave agora pretende punir.
Para prestarem declarações semelhantes – confirmando que Filipe Rua os acompanhou no seu trabalho sindical na empresa – o sindicato contamos já com a disponibilidade de Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN, e de João Silva, coordenador da Fiequimetal.
O trabalhador ameaçado de despedimento acompanhou Américo Flor, dirigente do sindicato, quando este se deslocou ao estaleiro, para reunir com jovens trabalhadores formados na Lisnave, contratados em regime de trabalho temporário por meio da Select e aos quais a administração exigiu, como condição para manterem o emprego, que baixassem de categoria profissional, de Oficiais para Praticantes.
Recusando esta perspectiva, foi convocado um plenário, por abaixo-assinado, indicando na convocatória que iria estar presente Américo Flor. A Lisnave tentou que o plenário não se realizasse, mas não o conseguiu. Os trabalhadores exerceram um direito que legalmente lhes assiste, para rejeitarem a baixa de categoria e a mudança para a «empresa» Lisnave 2, criada para servir esse objectivo da administração.
Entendeu a Lisnave que o coordenador da CT e dirigente sindical não deveria ter acompanhado Américo Flor. Contrapõe o sindicato, na carta enviada a Mário Soares, que a mesma situação ocorreu com outras visitas ao estaleiro, «nomeadamente quando V. Ex.ª se deslocou ao estaleiro, no acto eleitoral para a Presidência da República, em que foi recebido precisamente pelo Filipe Rua, facto atestado pelas imagens televisivas da altura». «E fê-lo, o Filipe Rua, por entender ser seu dever ético (ainda que se soubesse que não era seu apoiante), tal como sempre acompanhou o secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, o coordenador da Federação, João Silva, e tantos outros», refere o sindicato.
Quando a administração da Lisnave comunicou a intenção de despedimento deste representante dos trabalhadores, o sindicato entendeu que se tratava da sequência natural das ilegalidades que vem praticando, designadamente quando mantém no estaleiro mais de dois mil trabalhadores precários e apenas 300 efectivos.
FIEQUIMETAL - 21.04.2009

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