Jornalistas e técnicos do grupo Cofina foram esta quarta-feira apanhados de surpresa com o anúncio de um despedimento colectivo. Oito dos dez dispensados são jornalistas do Correio da Manhã. Foram poupados os repórteres das revistas.
A medida pretende reduzir 2,5% do número de trabalhadores da Presslivre - constituída por cerca de 400 funcionários - editora do CM e das revistas Sábado, TV Guia e Flash, o que equivale a 10 funcionários, segundo fonte oficial da empresa. Sendo que, em termos efectivos, o diário generalista foi o mais sacrificado: todos os jornalistas despedidos pertenciam ao seu corpo redactorial, incluindo-se no grupo um profissional do Porto e outro de Braga.
Recentemente, recorde-se, o desportivo Record, também da Cofina, procedeu a um despedimento colectivo que atingiu 10 colaboradores.
Este anúncio apanhou os profissionais do Correio da Manhã desprevenidos por vir contrariar o sentido de uma promessa feita recentemente, mais exactamente, no início de Fevereiro, pela direcção.
Segundo fonte do jornal, na altura, a comunicação da impossibilidade de se proceder este ano a aumentos salariais foi acompanhada com a garantia de que não haveria despedimentos.
Os jornalistas receberam ontem, em mãos, na redacção, a carta que dava conta do termo dos seus serviços naquela empresa, revelou a mesma fonte. O pré-aviso de despedimento colectivo terá de ser cumprido ao longo dos próximos dois meses.
A empresa, por seu lado, admite que esta opção procura responder às dificuldades suscitadas pela crise, nomeadamente pela forte quebra nas receitas publicitárias."A dispensa de dez colaboradores justifica-se pela dureza da recessão que atravessamos e que tem levado a uma quebra acentuada da publicidade, no mercado em geral e que se traduziu, no primeiro trimestre deste ano, numa descida de 21,7% no grupo", informou fonte oficial, acrescentando ainda: " Trata-se de um ligeiro ajustamento da estrutura de recursos da empresa."
Ao que o JN apurou, os trabalhadores afectados têm idades diferenciadas, despistando-se assim a hipótese de se estar diante de um recurso jurídico com que se procuraria pôr termo a algumas negociações difíceis que visariam a reforma antecipada.
O processo de despedimento em curso surge, porém, segundo fonte interna, num período em que a empresa tem vindo a recrutar novos jornalistas, tanto na delegação do Porto como na própria sede, em Lisboa.
O Sindicato dos Jornalistas já protestou o procedimento da Cofina, alegando não encontrar motivos válidos para um processo destes, que, a seu ver, "acentua os efeitos negativos na expressão da diversidade do país".
No início desta semana, a Media Capital, que detém a estação TVI, anunciou também um despedimento semelhante. Em causa estão 12 postos de trabalho da editora que publica revistas como a Lux, Lux Woman, Max Men, entre outras. À escala global, a Prisa, grupo espanhol dono desta empresa, prepara subtrair dos seus quadros 2000 trabalhadores.
Trimestre de maus resultados
As receitas operacionais do grupo Cofina diminuíram 9.6% entre Janeiro e Março deste ano, passando para 30.7 milhões de euros, de acordo com os dados fornecidos pela empresa no final da semana passada. 11.2 milhões de euros foi quanto a Cofina captou em publicidade neste período, o que representa uma quebra de 21.7% em comparação com período homólogo. No ano passado, o resultado líquido negativo na ordem dos 73 milhões, na sequência da penalização pelas perdas relacionadas com a participação na Zon, já traçava um cenário desconfortável em termos monetários. No que respeita a audiências, o Correio da Manhã perdeu também a liderança neste trimestre para o Jornal de Notícias.
J.N. - 23.04.09
Sem comentários:
Enviar um comentário