O DN teve acesso a dados oficiais que fazem parte do Relatório de Segurança Interna de 2008 e estes confirmam as piores expectativas. No ano passado o crime violento aumentou 10,7% e a criminalidade geral subiu 7,5%. O que significa o maior crescimento dos últimos dez anos em Portugal
O tabu do ministro da Administração Interna, sobre as estatísticas da criminalidade de 2008, está prestes a terminar e Rui Pereira vai ter de reconhecer as piores previsões. O DN teve acesso a dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) e estes confirmam uma subida quer da criminalidade geral quer dos crimes mais violentos e graves. A maior, desde que há registo oficial destes dados, nos últimos dez anos. As forças de segurança registaram um total de 421 037 crimes - mais de 1100 por dia - dos quais 24 313 foram graves e violentos. Por dia houve, em média, 67 crimes violentos.
Dentro destes últimos, destacam--se, com resultados já definitivos a 31 de Dezembro, os aumentos brutais dos assaltos a bancos e às bombas de gasolina, praticamente para o dobro.
Houve 230 roubos a bancos, contra 108 de 2007 e 468 assaltos a postos de abastecimento de combustível, contra 241 no ano anterior. Em ambos os casos, que se enquadram nas estatísticas do crime violento, o ano de 2008 foi o pior de sempre.
Outros resultados a que o DN teve acesso foram os relativos aos homicídios e às ofensas à integridade física graves (agressões com muita violência), ambos com recrudescimento. Foram assassinadas 143 pessoas em 2008, mais dez que em 2007 (aumentou 7,5% ) e 761 foram agredidas violentamente, mais 99 que no ano anterior (uma subida de 15%).
Nos gráficos de variação mensal do RASI é notório o pico no 3.º trimestre do ano, relativo aos meses de Verão, período em que a criminalidade violenta atingiu uma subida de 16,84% e a geral chegou aos 11% de aumento.
Estes valores assustadores e a insegurança que então varria o País - recorde-se o assalto ao BES, os roubos a ourivesarias (um dos quais resultou na morte de um proprietário, em Setúbal) ou os dois homicídios, numa só noite, de Alexandra Neno e Diogo Ferreira - obrigaram o ministro Rui Pereira a ordenar a maior mobilização de sempre das polícias.
Em apenas oito dias, na última semana de Agosto, quando já era conhecida internamente esta evolução dramática, a GNR, a PSP e o SEF realizaram 147 operações especiais de prevenção criminal, cujo alvo foi, principalmente, as zonas mais problemáticas. Foram detidos 686 suspeitos e apreendidas 46 armas de fogo ilegais.
Esta reacção em força e musculada, que se manteve, embora com menos visibilidade, até ao final do ano, teve resultados muito positivos. A partir do último trimestre do ano, a subida da criminalidade violenta ficou nos 5,8%, contra os quase 17 do trimestre anterior.
Esta inversão de tendência de subida, que se estava a verificar desde o início do ano, vai ser um dos argumentos que o ministro Rui Pereira deverá usar, em defesa da sua estratégia e das medidas tomadas a partir de Setembro.
Conforme o DN já noticiou, o RASI só ainda não foi entregue à Assembleia da República porque o Ministério da Educação está em falta na entrega dos dados da Escola Segura. No entanto, segundo o DN apurou, estes números não devem alterar substancialmente os resultados já consolidados. O secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Mário Mendes, quer concluir o documento até ao final da próxima semana.
Possivelmente, o documento será entregue aos deputados antes do prazo legal previsto, que é 31 de Março. Nesse dia, o juiz-conselheiro estará lado a lado com o ministro da Administração Interna a explicar os dados que constam do relatório.
D.N. - Valentina Marcelino - 13.03.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário