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13/03/2009

Greve dos trabalhadores da Manindústria pela igualdade salarial

Os trabalhadores da Manindústria, empresa responsável pela operação de carvão na central termoeléctrica de Sines, entraram em greve por dois dias, reivindicando uma “revisão salarial” semelhante à dos trabalhadores da EDP. Egídio Fernandes, dirigente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI), revela que “os trabalhadores da Manindústria têm tido médias de revisões salariais de menos meio ponto que as dos trabalhadores da EDP”, queixando-se de “discriminação” e questionando as razões de “não terem todos a mesma revisão salarial percentual ou os mesmos salários”.

Egídio Fernandes justifica esta pretensão com o facto dos trabalhadores da Manindústria serem “contratados da O&M, uma empresa criada internamente pela EDP”, que “precisa desse serviço”. Apesar dos trabalhadores estarem sob contratos a prazo, o sindicalista realça que “são serviços permanentes e essenciais para o funcionamento” da termoeléctrica. Por isso, confessa-se “indignado” com a proposta da Manindústria, que ofereceu uma revisão salarial de 1,4 por cento, contra os 1,9 por cento defendidos pelos trabalhadores.

Além dessa revisão, que “já devia ter acontecido em Outubro”, os trabalhadores pretendem também “a actualização dos prémios, dos subsídios de turno e dos subsídios de refeição”. Egídio Fernandes critica a Manindústria por “nunca se ter chegado à frente para negociar”, garantindo que “o patrão da empresa ainda não apareceu este ano”. Além disso, acusa a EDP de ter “interposto” a proposta para a revisão dos salários, considerando que a Manindústria “não quer rever esses valores proque a EDP tem um tecto salarial que a empresa aceitou”, mas que entende que os trabalhadores “não têm que aceitar”.

Egídio Fernandes garante que “continuam disponíveis para negociar a qualquer momento”, assim como para “suspender a greve e retomar imediatamente o trabalho”. Segundo o sindicalista, o primeiro dia de paralização teve uma adesão de “cerca de cem por cento”, em que apenas “sete dos 55 trabalhadores estão de serviço”. No entanto, todas as operações estão “paradas”. Egídio Fernandes acusa ainda a empresa de estar a agir “ilegalmente” por estar a “substituir os trabalhadores em greve por chefes de turno da O&M, que nada têm a ver com a Manindústria”.

Com esta greve, Egídio Fernandes reconhece que a EDP poderá ter uma “redução de produção na central termoeléctrica”, mas garante que o objectivo “não é fazer cair a central, mas protestar contra a postura pouco correcta da empresa”. No entanto, “se a central cair não é um problema dos trabalhadores”. O sindicalista revela que os trabalhadores irão reunir-se em plenário para analisar a paragem, “perceber porque é alguns trabalhadores não fizeram uma greve”, uma vez que “houve pressões” e, caso não haja modificações, não coloca de parte novas greves, “durante mais tempo e mais contundentes”. Quanto à posição da Manindústria e da EDP não foi possível recolher qualquer informação.

Setúbal na Rede - Pedro Soares - 12-03-2009

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