À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

14/03/2009

No que se pode traduzir a manifestação da CGTP

"Não há nenhuma organização que junte mais gente nas ruas do que a CGTP. Daí que nenhum governo de bom senso se possa permitir ignorar a sua plataforma reivindicativa, que conta com o apoio político do PCP e do BE e esteve ontem bem expressa no mote: "Mudar de rumo: mais emprego, salários e direitos."

É todo um programa económico de governo. Mais direitos significa menos trabalho precário e menos facilidade de despedir; mais salários deverão conduzir ao aumento do poder de compra e, por consequência, do consumo. Mais emprego conseguir-se-ia com expansão dos serviços e investimento públicos. Esse novo rumo apoiar-se-ia no maior protagonismo do Estado e no maior condicionamento dos investidores privados, nomeadamente, dos de maior dimensão.

Ora o programa do PS é bem distante deste. Para o Governo, só agora é que há - devido à crise mundial - procura a menos, e, por isso, decidiu investir mais e apoiar mais quem investe e cria emprego ou o mantém. Em termos estruturais, há é falta de capacidade produtiva interna para responder à procura total, de bens de consumo, serviços e investimento. Daí que o Governo PS insista em emagrecer o aparelho do Estado com ganhos de eficiência; em moderar salários, com ganhos reais mínimos, para não deixar degradar a competitividade das exportações; e em apostar na qualificação dos activos a todos os níveis para aumentar a produtividade e a produção final. Uma quer crescimento económico, expandindo a procura. O outro persegue-o actuando sobre os condicionamentos da oferta. A quem dará o eleitorado da esquerda e do centro-esquerda razão em Setembro?"
D. N. Editorial - 14.03.09

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails