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14/03/2009

CGTP põe 200 mil na rua Jornada de protesto na capital

"Injustiças sociais/Arre porra que é demais!" foi a palavra de ordem gritada com mais emoção no protesto esta sexta-feira levado a cabo em Lisboa pela CGTP. No palco, Carvalho da Silva denunciou a promiscuidade entre o poder económico e político.

"Uma enorme manifestação que não fica aquém, antes está acima de outras realizadas. Esta tarde estiveram aqui mais de 200 mil pessoas", bradou o secretário-geral da CGTP aos manifestantes, sem que a PSP (que recusou fazer uma estimativa) avançasse com outros números, por não ter esses dados. Do palco montado na Praça dos Restauradores Carvalho da Silva disse que "é preciso uma governação séria" e responsabilizar as forças políticas. "No ano de todas as eleições", o líder sindical pediu que todos sejam "exigentes e combatentes" e saiam à rua no Dia do Trabalhador, fazendo "um 1º de Maio ofensivo".

"Mudar de rumo" foi o lema da manifestação e o mote do orador na crítica aos "traços fundamentais da governação de Sócrates". A saber: mais desemprego e precariedade; "uma dívida externa que nos coloca uma corda ao pescoço, perigosa e por muito tempo"; seis anos de divergência com a Europa; e "mais compadrio e mais promiscuidades entre o Poder económico e Poder político".

"Salvaguardadas as devidas distâncias e diferenças inerentes", referiu, confessou ter relido mais uma vez "O Padrinho" e ter concluído que "há para aí figurões que parecem mesmo os D. Corleones a que temos direito".

Se o sector público desceu do cimo das Amoreiras , o sector privado saiu da praça do Saldanha (numa vista aérea em tenaz) até confluírem no Marquês para a Avenida da Liberdade.

O dirigente do BE Francisco Louçã encontrava-se logo na primeira esquina. Presente para apoiar, disse, "um acto político da maior importância" e "de coragem". "Este povo responde na rua e mal do Governo que não sente que o povo na rua é a força da democracia", frisou.

Uns metros adiante, perto do centro de trabalho do PCP, Jerónimo de Sousa esperou o cortejo, ao lado de Ilda Figueiredo. Para o líder comunista, a manifestação representou "a derrota dos que defendem o conformismo e a resignação" e foi um aviso eleitoral ao Governo.

"O Governo sustenta-se na sua maioria absoluta, mas deveria olhar para esta manifestação" que, "mais do que qualquer comentário ou discurso, tem um grande significado político e social e, claro, grandes consequências eleitorais", acentuou.

Se na descida da Avenida a palavra de ordem gritada com mais fervor foi "Injustiças sociais/Arre porra que é demais!", no palco foi o nome do primeiro-ministro que provocou mais apupos.

"Assobiem que ele merece", disse ao microfone o dirigente da CGTP, já quase sem voz e na única pausa do discurso em que aproveitou para se assoar e beber uns golos de água. Antes de terminar, exortando à intensificação da luta nos locais de trabalho.
J.N. - 14.03.09

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